NÃO HÁ QUE TEMER A PALAVRA

Não há que temer o escritor a palavra. Ela que do ofício dele é instrumento, arma de combate ou defesa, pá e semente, foice e martelo como do 
 Operário em Construção, também é grão no árido solo arenoso, na terra movediça ou no fecundo chão da mente onde florescem as ideias.

Guardiã do pensamento, que a mente do escritor não deixe a palavra escapar-lhe da mão. A palavra escolhida, como catado o feijão no alguidar do João, vem de outro Cabral até à nossa Nação.

Não há que fugir o escritor à palavra lâmina, faca amolada, facão; mas também diamante, buril, ponte, pássaro canoro, gritos, gemidos e onomatopéias das grutas, fontes e cascatas, ferraduras na pele da raça brasileira.

O escritor tem a palavra na língua. Antes escrevê-la do que mordê-la. Cada palavra, com sua lima ou seu ímã, dá ao escritor a forma corrosiva ou atraente de rabiscar o pensamento.
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Língua, Caetano Veloso. 

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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 19/06/2012
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3733526
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