TÁ NERVOSO?

e souza

Então não vá pescar! Escolher o lago, o rio, o mar, neste último tem uma coisa que para a maioria de nós mortáis é muito desagradável. As ondas, marolas, o barco indo e vindo, subindo e descendo. O sujeito olha em volta, e céu e mar, nada mais e é claro a vítima, que nesse caso é você, porque para um estômago enrolado, uma congestão, estas coisas só precisam de você, o ator principal, a personagem em seu papel real , o indispensável, enfim o vomitador. Já existem comprimidinhos inibidores daquele estado chato. Na praia as coisas são menos dolorosas a menos que seu anzol enrosque numa daquelas bermudas de algum banhista "sarado", mas se você pescar um biquininho, daí a coisa muda a não ser que o biquininho seja da namorada do dono daquela bermuda, daí a coisa muda mesmo. Tomemos cuidado! Para ficar tranquilo mesmo, vá para o campo, o rio longe da cidade grande, a brisa gostosa, ar fresco e retificador, a tranquilidade, os pássaros, o cochicho do rio, o sussurrar das folhas, as águas vão delineando um caminho, às vezes incerto, mesmo assim um caminho. Chegar cedo para aproveitar a estada é importante, a tralha toda, o isopor com aquelas cervejas, seus anzóis, garatéias, bóias e tantas outras coisinhas que às vezes a gente nem usa, mas é bom que estejam lá. Lembrei! Um colega de trabalho, Jonatas Jacob (vou chamá-lo assim), foi este amigo que me presenteou com inúmeras histórias e um belíssimo relógio. Numa de suas pescarias se sentou à beira do barranco, chegou bem cedo, uma hora depois notou do lado oposto, um garoto de cócoras mascando um raminho verde. acenou e deu um "olá", o garoto acenou de volta. Três horas depois, após ter perdido alguns anzóis, linhas partidas, o garoto continuava lá, intácto, a não ser pelo maxilar que não parava de mascar aquele raminho verde. Algumas vezes acenou só para ter certeza de que o menino ainda estava vivo. O garoto não se mexia nem desviava o olhar. Seis horas depois, este amigo resolveu travar um diálogo: - Garoto vem pra cá pescar um pouco. - Vô não, moço. Respondeu com aquela vozinha arrastada. - Por que não? - É que eu não tenho um pingo de paciência pra pescaria. Bem, foi assim que ele me contou. Vou aproveitar o espaço para desejar um feliz Natal e que 2011 seja mais um motivo de muita felicidade.

edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 19/06/2012
Reeditado em 26/07/2014
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