Rara Sensibilidade
Eu não sou noveleiro, mas estou assistindo, para terminar o meu dia dando boas risadas, à novela “Cheias de charme”.
Entre as hilariantes cenas encenadas pela fantástica Cláudia Abreu no papel da cantora Chayenne e sua “personal amiga” Socorro, houve no último fim de semana uma cena de rara sensibilidade na abordagem da homoafetividade, hoje tão comum, e ao mesmo tempo tão deturpada nas obras televisivas.
O personagem de Daniel Dantas, Sidney, vive em um mundo de recordações, com os seus discos de vinil, ouvindo o que ele chama de grandes divas, como Ângela Maria, Dalva de Oliveira e Clara Nunes.
No capítulo em questão, ao som de “Tango para Teresa”, com Ângela Maria, Sidney dança abraçado a um vaso, e depois, tem uma fantasia em que janta com o seu amado, falecido tempos atrás. Eles têm um diálogo carinhoso e terno, que termina com o pedido de Sidney ao rapaz que faça aquele cafuné que o levava a dormir tranquilo quando eles estavam juntos.
Sidney acaba dormindo com a cabeça apoiada na almofada do sofá, com uma expressão de calma e felicidade estampada no rosto.
Uma cena rara nas novelas brasileiras, em que predomina o erotismo e a banalização dos sentimentos. Parabéns aos autores e aos diretores!