É (quase) tudo mentira?
Se eu fosse irresponsável escreveria sobre a desconfiança que tenho quanto às intenções “verdadeiras” do grande projeto ecológico apregoado, exigido, martelado e exaustivamente divulgado por tantas e quantas sejam as organizações políticas ou não. Não que eu seja adepto das teorias de conspiração que pulsam nos subsolos da história até os nossos dias. Na verdade é uma inquietação motivada por vários pontos cegos no discurso dos países mais ricos em relação ao quintal do vizinho. Esse “de-javú” permeia minha bem intencionada e aterrorizada compreensão sempre que vejo, leio ou escuto notícias a respeito do efeito estufa, da escassez de água potável, do desmatamento, etc. É que os dados alarmantes sobre a situação do planeta são gerados justamente por quem consome as chamadas riquezas naturais de forma inimaginável pelo cidadão comum do terceiro mundo. A este é exigido que ande de ônibus ou trem, tome banho com 5 litros dágua e alimente-se, no mínimo, com complexo de culpa, sem ter uma ideia clara de que seu sacrifício valerá a pena. Graças a estes indicadores, não me sinto mais motivado a acompanhar a quantas anda o evento “Rio+20”. Assim, nem tomei conhecimento se convidaram o Professor Luiz Carlos Milion para debater o efeito estufa, por exemplo, mas desconfio que ele talvez fosse persona non grata porque afirma que o efeito estufa não é robustecido pela emissão de carbono como resultado da atividade humana; que as calotas polares estão num fluxo periódico que compreende congelamento e descongelamento em ciclos de muitos anos; que CFC não come a camada de ozônio, etc. Só isso bastaria para justificar que os países que mais emitem gases não estejam tão interessados assim no evento. Evidentemente, verdades como o desmatamento desmedido, a poluição das águas ou a geração e descarte indiscriminado de lixo são inquestionáveis e, paradoxalmente, vilões involuntários do desvio de atenção incluídos que são no pacote anti-desenvolvimento urdido para o terceiro mundo que só interessa aos gestores que vivem no vermelho de suas próprias ideias verdes. Mas eu não seria tolo de andar contra a corrente exprimindo uma ideia tão ecologicamente desastrada. Desenvolvendo um pensamento tão retrógrado e démodé, me insurgindo solitariamente, ou quase isso, contra seguimentos políticos, imprensa, enfim, o que se convencionou chamar de opinião pública. O fato é que passa sim um misto de temor de que seja tudo verdade e de que seja quase tudo mentira, (com duplo perdão ao Al Gore)