Acho que agora eu consigo falar disso.

Estou mais calma,a adrenalina já baixou,graças a Deus!

Esses dias pude ter uma ideia do que um médico me disse quando eu tinha 15 anos:"você não é nervosa... É uma pilha de nervos!"

Aproximava-se o exame final do meu curso,não era um curso a mais, é uma paixão descoberta quase aos 40,a profissão que aprendi a amar e à qual me dediquei nesse um ano e meio pagando para trabalhar,em dia de Sol de chuva,frios ou de calor... Não foi fácil,teve suas alegrias

e alguns dissabores como tudo nessa vida-trem;uma novidade a cada estação.Pois é,foi se aproximando o exame final,sabíamos que seria avaliado tudo:postura,a qualidade do trabalho,o resultado da química,que é sempre uma incógnita,e seria o dia D,para ganharmos

o rótulo de profissionais da área.Chegou a véspera,eu tentei me preparar,mas por mais que eu tentasse me acalmar,não funcionava,

foi aumentando a minha ansiedade a um grau absurdo:fiquei tão tensa que dormir era impossível,tive cólicas,enjoos,bateu insegurança.

Mas eu sabia que era inevitável viver esse dia e lutei por ele,então pedi

que viesse serenidade para enfrentá-lo com dignidade .

Chegou o dia,chegou a hora e eu estava ali,não havia como retroceder.

Incrível como a gente cria monstros imaginários, tudo foi fluindo naturalmente,eu fiz o que sabia e deu tudo certo!

Não foi exigido de mim nada que eu não soubesse fazer! E eu mesmo sabendo disso,fiquei naquele estado lastimável na véspera! Desnecessário.Mas fazer o que? Entendi o que aquele médico me disse

há 25 anos atrás quando eu era uma criança de 15.Constatei que sou uma pilha de nervos,mas essa insegurança não vejo como uma covardia,acho que é o peso da responsabilidade,a preocupação de fazer o melhor que eu posso fazer.A maioria das pessoas não respeita

e nem valoriza a profissão de cabeleireiro,acha que basta cortar um cabelo e pronto!Mas um curso sério nessa área ensina muito além de cortar cabelo,um profissional dessa área precisa ter ética,empatia.

Sobretudo a preocupação com a saúde e bem estar da pessoa que está em suas mãos.Imagine uma queimadura com um secador de cabelos de 2000 wats,uma chapinha a 230 graus,sem contar a grosseria de puxar os cabelos de qualquer jeito,como se a pessoa que está aos nossos cuidados fosse uma coisa.Temos que lembrar o tempo todo que é um ser humano que merece ser bem tratado,que sente dor e desconforto e isso definitivamente não é a intenção! E realmente se a pessoa não amar o que faz,não será um profissional como deve ser.

Eu amo o clima de salão de beleza,aquele cheirinho gostoso de limpeza,

lavar,escovar,cortar cabelos! E seja qual for o trabalho,no final quando chega o momento de mostrar à pessoa o resultado de tudo e ela diz com um sorriso no rosto que ficou ótimo,ah essa é sem dúvida, a melhor parte! Pela primeira vez na minha vida eu exerço uma atividade com tanto carinho que eu fico exausta e feliz! Eu não sinto-me trabalhando,é pura diversão! E a partir de agora,no que depender de mim,melhorar sempre! Mais cursos,mais prática,com humildade,buscar ser e fazer outros felizes.Foi um ano e meio de luta que valeu cada tesourada! Estou muito feliz de ter conseguido ir até o fim,ainda tenho algumas muitas aulas para repor,mas já sinto que vou chorar quando eu souber que é o último dia na escola,aquele lugar que aprendi a amar!

E pensar que a escola esteve sempre ali,há 20 anos esperando que eu a descobrisse...Mas antes tarde do que nunca!E se eu viver mais dez anos de vida fazendo o que gosto,já valeu por todas as atividades que exerci "à força",sendo escrava.Não foram poucas as vezes que trabalhei odiando o que fazia,mas eu precisava descobrir o que me fazia feliz e graças a Deus descobri!Agora respiro aliviada,a tensão já baixou,novos alvos à vista.E hoje vou encontrar com meu amor que vai

realizar um pequeno sonho de consumo meu,prometido há uns 5 anos...

Enrolou, enrolou, agora vamos ver se sai... rsrsrs

Bom dia!!!

Elenite Araujo
Enviado por Elenite Araujo em 18/06/2012
Reeditado em 18/06/2012
Código do texto: T3730275
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