Estão Tapando o Rio Arrudas

No começo fiquei feliz, enfim sairia do cenário de Belo Horizonte o cheiro de podre da cidade. Uma nova avenida sendo aberta atravessando uma das principais artérias de trânsito desafogando um pouco o nosso caótico trânsito, que em matéria de desorganização só perde para o trânsito de Roma. Depois comecei enxergar outras coisas ruins. Essa mega obra que abraça mega orçamentos, megamente super faturados atende a quem? Em primeiro lugar às empreiteiras acostumadas aos gordos faturamentos nem sempre limpos. Depois às fábricas de automóveis mais precisamente a Fiat que instalada aqui precisa de mais espaços para desovar seus produtos em uma cidade que anda com o transporte público ainda nos moldes dos anos 50. Tudo isso na contramão de países do primeiro mundo que buscam os princípios do “salva planeta” revigorando seus rios despoluindo-os e melhorando a qualidade do meio ambiente e o reuso das águas. Aqui? Só tapamos o fedor. As fábricas de automóveis não querem saber, querem ruas, o estado quer os impostos. O povo? Ora, o povo é povo, assim pensam os palácios, detentores do poder, herdatários da maldita cultura portuguesa do Brasil colônia, da preguiça e do favoritismo. Bem, depois disso senti saudades do Rio Arrudas, das lavadeiras em seu ofício nas benditas águas do rio quando ainda límpidas, dos tiradores de areia de seu leito (areia lavada) para a construção, de suas pinguelas de madeira em que eu atravessava para ir à escola. Não precisamos mais de lavadeiras nos rios hoje em dia, quase todos temos máquina de lavar em casa, mas precisamos das águas, precisamos preservar nossa geografia porque temos memória, precisamos de nossas identidades antes que os chineses as desmanchem de vez em construam um mega shop em cima do saudoso rio.

Carlos A Funghi
Enviado por Carlos A Funghi em 17/06/2012
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