Mensagens do Facebook
Mensagens do Facebook
Li numa mensagem do Facebook, que a gente não deve ter medo de começar de novo, e sim de ter de novo, o mesmo resultado. Essa frase me cutucou bem no fundo. De repente, senti-me covarde diante do mundo. Minha vida passou como um vídeotape diante dos meus olhos e senti pela primeira vez, a dor de não ter tido coragem de recomeçar. Quando consegui me livrar de alguém que adorava me ver sofrendo, não tive coragem de deixar entrar um novo amor na minha vida. Tranquei as portas do meu coração e joguei as chaves fora. Até hoje não sei onde. E já são longos anos de solidão, opção que abracei com a maior frieza. Acho que a decepção foi tanta que tive medo de arriscar de novo, viver a mesma angústia em que me sufoquei durante toda a minha vida de casada. Mas hoje eu vejo que posso ter errado. Eu poderia ter me dado a chance de começar de novo, viver de novo, sentir o carinho de uma pessoa ao meu lado, sem medo de ser feliz ou infeliz, quem sabe... Mas pelo menos eu teria tentado. Hoje vejo que deixei o tempo passar e com ele todas as oportunidades de encontrar alguém que preenchesse esse vazio que vejo à minha volta. Deve haver alguém neste momento sonhando com alguém também para dividir seus momentos, mas as paredes de nossos quartos nos separam e nossos olhos não têm alcance para que possamos descobrir a solidão um do outro. Antigamente as pessoas tinham mais chance de se encontrar porque a vida pulsava lá fora, havia as festinhas de amigos, os encontros nos fim de tarde, o cinema na praça da matriz. Hoje, substituímos as pessoas pela tela do computador e ficamos fingindo que temos milhares de amigos nas redes sociais, onde lemos milhares de recados, conhecemos milhares de pessoas, mas só enxergamos as máscaras. A face verdadeira das pessoas a gente só conhece quando olha dentro dos olhos, compartilha o sorriso e sente o calor das mãos nas suas mãos. É assim que se compartilha de verdade. Mas quem sabe, talvez o Facebook tenha servido para me abrir o olhos e me lembrar de que ainda estou viva, e agora talvez eu olhe mais as pessoas à minha volta. Afinal, dizem que o amor não tem idade e de repente, posso ainda encontrar minha alma gêmea nessa altura do caminho. Talvez um pouco alquebrada, vivida ou cansada, mas esperando a minha metade para completar a sua vida. Se eu não fui muito feliz na primeira, nem na segunda, quem sabe ainda serei imensamente feliz na terceira idade? Acho que vou perder o medo...