Uma Festa para Todos
Vemos na TV estudantes saindo da detenção sorrindo. Tinham sido detidos por algum tipo de protesto e agora estavam sendo liberados. Parecia que estavam saindo de uma festa. Ou de algum estádio após uma vitória do seu time.
Vemos pessoas andando pelo Aterro, atrás de saberem o que vem a ser a Cúpula dos Povos ou a Rio+20. Num primeiro dia, como no dia 15/06, sem qualquer indicação de onde ficava isso ou aquilo, a tenda ou o palco. Como chego lá? E, no entanto, tudo era uma festa. Afinal estou aqui também para conhecer alguém. Dar um doisinho embaixo de uma bonita árvore dessas, por essa vegetação, sei lá. O aconchego da noite numa área ampla, impossível de ser inteiramente iluminada. Pessoas andando pra lá e pra cá. Cantando e se divertindo. Ainda bem que com alguma poesia.
E as grandes nações vêm fazer a festa no Terceiro Mundo, o palco tradicional. Comenta-se a possível ausência de importantes chefes de estado. Por motivo de não terem a intenção de honrar compromissos a serem assumidos no encontro e que seriam do maior interesse dos povos menos desenvolvidos.
Trata-se, portanto, de um acontecimento com todas as chances de se tornar apenas numa festa grandiosa, sem relevantes resultados práticos ou sem atingir os objetivos propostos.
A Rio+20 tem esse nome em decorrência da Cúpula da Terra, evento similar realizado no Rio em 1992, isto é, 20 anos antes. Seria oportuno podermos detectar que definições ou comprometimentos da Cúpula da Terra puderam ser observados nesses 20 anos. Que decisões foram cumpridas. Que resultados foram alcançados. Ou será que o que rolou foi apenas uma festa – na verdade uma festa bonita?
É importante observar que fazem parte do Conselho das Nações Unidas países membros com direito a veto que, em desrespeito a deliberações do Conselho, invadem países com menor poder bélico nuclear. Como desrespeitam compromissos de reduções de dióxido de carbono, como no caso do Protocolo de Kyoto.
São, portanto, reuniões e grandes encontros que, no frigir dos ovos, acabam em festa, como nossas CPI’s, que acabam em pizza. Não devemos, contudo, imaginar que elas sejam totalmente inúteis. Ao contrário, devemos esperar que a comunidade global vá se aperfeiçoando no sentido de lutar por condições de vida que redundem de fato em situações mais favoráveis a todos os habitantes do planeta.