SIMPLES ASSIM PARA SER FELIZ

De manhã, o sol talvez pense que eu o espero. Mas o corpo, ainda embebido de sonho e madrugada, resiste o quanto pode a sua súplica de luz e calor.

É que eu ainda prefiro o calor do teu corpo, o teu cheiro limpo e a tua respiração pausada, do que o dia que ancora lá fora. Devagarinho... ele escolhe o tom certo do azul do céu, como que escolhesse a roupa que vai usar para o grande amor.

Então eu procuro as tuas mãos como quem procura o pão. Elas me envolvem como a raiz que encontra morada na terra. Busco os teus olhos como quem busca a luz. Embora eles ainda estejam cerrados, eu sei que estás desperto, eu sei que o sol já te arrancou da lira, eu sei que a luz já desvendou teus sonhos. Não me contenho, e beijo teus lábios. Eles estão mornos como a noite em teus braços, macios como a rosa que o sol já abriu.

Ah, o sol! A todo momento falo dele, e sempre falando de ti, porque não consigo apartar o que me dá vida.

Ah, a manhã! Tão lentamente começamos a deslizar da cama. O dia já grita os nossos nomes. Ele é o intervalo de silêncio entre os nossos beijos, o hiato de solidão entre os nossos abraços, uma quietude necessária para que alimentemos o mundo, e para que dele nos alimentemos.

Mas tudo bem. Logo vem a noite, e, junto, a poesia, a inefável poesia de ser feliz ao teu lado.

Tayy
Enviado por Tayy em 17/06/2012
Código do texto: T3728477