Fragmentos de mim espalhados por aí

A chuva cai sob seu corpo. Está lá faz o quê? Um minuto? Dez? Uma hora? Não importa. Ela está sentindo. Você entende?

Os pelos de seu braços arrepiam ao serem tocados pela água enquanto ela fecha os olhos, sentindo o cheiro lhe invadir os sentidos. Tudo, aqui, é tão simples. É único.

O que você faria se descobrisse que tudo vai ser tirado de você?

Ela tem tanta coisa para viver. Agora chegou em seu máximo: quer experimentar tudo; as drogas que não usou quando estava na escola; quer fazer amor com um homem que não seja seu marido; quer ir aos lugares de seus sonhos; quer poder ter tempo para pensar; quer dizer o máximo de “Eu te amo!” para suas duas filhas, quer lhes ensinar mais gravando mensagens futuras para elas ouvirem quando for a hora; quer dizer o que estiver pensando à todos; quer tocar no rosto de seu pai novamente; quer um novo corte de cabelo; quer colocar unhas postiças pois nunca teve tempo para; quer experimentar o mais doce; quer escutar o máximo de histórias; quer que leem para ela todas as histórias do mundo...

Tempo.

Ninguém nunca parou para pensar sobre a morte no supermercado? As pessoas compram seus produtos favoritos mesmo sabendo que vão lhe fazer mal.

Amar: é seu desejo mais profundo.

Ela então fecha os olhos, sonhando numa vida sem ela, mas com fragmentos de mim espalhados por aí.

Texto baseado no filme My life without me (“Minha vida sem mim”).

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 16/06/2012
Reeditado em 30/06/2013
Código do texto: T3726854
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