Em Teofilândia, a vida continua
Quando se vê um muro pintado com imagens de crianças brincando – meninos de bola, meninas de boneca -, animais domésticos como cachorros e gatos, pássaros, coelhinhos em um dia ensolarado dando a idéia de harmonia segurança e felicidade, acredito que de cara o leitor pensa em uma entrada de escola infantil.
Em Teofilândia, a dezoito quilômetros de Serrinha há um muro com essa pintura, os moradores, que adoram surpreender os visitantes de primeira viagem perguntam: “você sabe o que tem por trás do muro?” E é preciso perguntar mesmo, já que no imaginário esse local nada de novo pode apresentar.
E aí? Responderam?
Não, não é uma escola. É o cemitério local da cidade.
Se o cemitério de Perelachaise da França, Highgate de Londres e o São João Batista no Rio de Janeiro tráz à memória os grandes nomes da história mundial que se foram, o de Teofilândia nos remete ao início da vida com suas crianças a brincar.
Se o cemitério da Recoleta em Buenos Aires faz seus mortos mais vivos do que nunca, os de Teofilândia fazem os vivos não se preocuparem com a morte.
Seus mortos não são tão ilustres assim. Aliás, ilustre mesmo é o local, o cemitério é uma atração à parte.
A cidade que enriqueceu a Vale do Rio Doce e agora enriquece a MFB com seu ouro, tem em seu cemitério uma fonte de riqueza, a riqueza da vida. Afinal os mortos vão, mas a vida continua. Você não acha?