...Confissões de Almas Poéticas.
Como é possível chegar ao íntimo do sentir do coração?
Pensava o homem que sonhava conquistar o amor da mulher, tão amada.
O dia, de sol escaldante, findava. Aquela sede sugeria um lugar para matá-la. A beira do lago, em hora, habitualmente, deserta.
Enquanto caminhava, refletia ‘a vida não é sonho, mas a urdidura dos sonhos pode iluminar e embelezar a trama da vida’. (1)
Lá, a brisa quente tocava sua pele e o desejo ardia em seu peito nas mais variadas formas.
Na solitude da imagem da mulher amada, seu pensar decidia ‘se é para pecar quero o pecado inteiro’ e, o desejo, agora, borbulhava. (2)
Na contra partida emergia o impossível do desejo. E, num consolo impróprio, evoca que ‘é fraco o amor quando o medo é tão forte como ele; Não é todo espírito puro e corajoso, se mistura tem de medo, vergonha, ou honra’. (3)
Recobrando a lucidez, de imediato, questionava se ‘o amor é um acidente, uma renúncia, um hábito, uma maldição’? (4)
Uma resposta, quase insurgente, lhe dizia que ‘o amor é uma renúncia. Amar alguém é desistir de amar outros, é desistir por esse amor do amor de outros’.(4)
Dela, duvidou.
Vindo à lembrança a partida, inesperada, da mulher amada recorda as últimas palavras ditas num sussurrar aviltante: “Vieste para inflamar, partiste para voltar. Então sonharei esse desejo outra vez, senão desfaleceria”. (5)
Depois chorou.
Do turbilhão de lágrimas que brotava de seus olhos reconheceu que não soubera amar a mulher, tão amada, como gostaria de tê-la amado.
Quedou-se, inerte, àquele pensamento. Doía a realidade encontrada.
Num suspiro profundo e diáfano visualizou o caminho pelo qual andou todo errante acreditando fartar-se de razão.
Seus pensamentos ressurgem em movimentos expressivos e verbaliza aos céus, em penitência:
‘Para mim, amor era coisa que o homem impunha à mulher, pois ela era por essência recalcitrante. O único modo de agir era subjugá-la. Uma história de amor era em primeiro lugar uma história de conquista, depois uma história de ocupação. Pura relação de força, na qual o homem tinha interesse em se manter na posição dominante. Nem pensar em deixar-se levar, mesmo depois de ela se render. Como a dominação era ilegítima, (...) devia vigiar constantemente (...) devia mantê-la sob (...) influência, (...) evitar que ela se rebelasse. Impossível imaginar uma relação harmoniosa, uma relação baseada na troca ou numa igualdade qualquer dos parceiros. (...) me pergunto de onde me vinham aquelas ideias idiotas que deterioraram minhas histórias de amor (...) Eu me esforçava por me comportar como potência ocupante. Minha busca amorosa se resumia à procura de um território para conquistar. Resultado: eu amava, às vezes loucamente, mas não era amado. Ou mesmo quando o era, não me autorizava a me sentir amado. Porque, nesse caso, precisaria depor as armas’. (6)
Chegou ao íntimo do sentir do coração.
“Que tristeza ter perdido tanto tempo e tantas oportunidades de felicidade”. (6)
Pensava o homem que sonhava conquistar o amor da mulher, tão amada.
O dia, de sol escaldante, findava. Aquela sede sugeria um lugar para matá-la. A beira do lago, em hora, habitualmente, deserta.
Enquanto caminhava, refletia ‘a vida não é sonho, mas a urdidura dos sonhos pode iluminar e embelezar a trama da vida’. (1)
Lá, a brisa quente tocava sua pele e o desejo ardia em seu peito nas mais variadas formas.
Na solitude da imagem da mulher amada, seu pensar decidia ‘se é para pecar quero o pecado inteiro’ e, o desejo, agora, borbulhava. (2)
Na contra partida emergia o impossível do desejo. E, num consolo impróprio, evoca que ‘é fraco o amor quando o medo é tão forte como ele; Não é todo espírito puro e corajoso, se mistura tem de medo, vergonha, ou honra’. (3)
Recobrando a lucidez, de imediato, questionava se ‘o amor é um acidente, uma renúncia, um hábito, uma maldição’? (4)
Uma resposta, quase insurgente, lhe dizia que ‘o amor é uma renúncia. Amar alguém é desistir de amar outros, é desistir por esse amor do amor de outros’.(4)
Dela, duvidou.
Vindo à lembrança a partida, inesperada, da mulher amada recorda as últimas palavras ditas num sussurrar aviltante: “Vieste para inflamar, partiste para voltar. Então sonharei esse desejo outra vez, senão desfaleceria”. (5)
Depois chorou.
Do turbilhão de lágrimas que brotava de seus olhos reconheceu que não soubera amar a mulher, tão amada, como gostaria de tê-la amado.
Quedou-se, inerte, àquele pensamento. Doía a realidade encontrada.
Num suspiro profundo e diáfano visualizou o caminho pelo qual andou todo errante acreditando fartar-se de razão.
Seus pensamentos ressurgem em movimentos expressivos e verbaliza aos céus, em penitência:
‘Para mim, amor era coisa que o homem impunha à mulher, pois ela era por essência recalcitrante. O único modo de agir era subjugá-la. Uma história de amor era em primeiro lugar uma história de conquista, depois uma história de ocupação. Pura relação de força, na qual o homem tinha interesse em se manter na posição dominante. Nem pensar em deixar-se levar, mesmo depois de ela se render. Como a dominação era ilegítima, (...) devia vigiar constantemente (...) devia mantê-la sob (...) influência, (...) evitar que ela se rebelasse. Impossível imaginar uma relação harmoniosa, uma relação baseada na troca ou numa igualdade qualquer dos parceiros. (...) me pergunto de onde me vinham aquelas ideias idiotas que deterioraram minhas histórias de amor (...) Eu me esforçava por me comportar como potência ocupante. Minha busca amorosa se resumia à procura de um território para conquistar. Resultado: eu amava, às vezes loucamente, mas não era amado. Ou mesmo quando o era, não me autorizava a me sentir amado. Porque, nesse caso, precisaria depor as armas’. (6)
Chegou ao íntimo do sentir do coração.
“Que tristeza ter perdido tanto tempo e tantas oportunidades de felicidade”. (6)
Liliane Prado
(Exercício literário)
(Exercício literário)
Leia as belas crônicas de Yara França.
Referências:
- Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'.
- José Eduardo Agualusa: 'O amor é um Acidente, Uma Renúncia, Um Hábito, Uma Maldição!’ in ' A Educação Sentimental dos Pássaros'.
- John Donne: ‘O sonho’ - in "Poemas Eróticos" Tradução de Helena Barbas.
- José Eduardo Agualusa, in 'A Educação Sentimental dos Pássaros'.
- John Donne: ‘O sonho’ - "Poemas Eróticos" - Tradução de Helena Barbas.
- David Servan-Schreiber (1961-2011) - Psiquiatra Francês - in 'Podemos Dizer Adeus Duas Vezes' .
1. Solitude: poética solidão.
2. Borbulhava > borbulhar: v.i. Sair em borbulhas ou bolhas. v.t. fazer germinar.
3. Desfaleceria > Desfalecer: v.i. Desmaiar; enfraquecer; perder as forças, o ânimo, o alento, os sentidos.
4.Aviltante: adj. Que avilta, desonra. Vil.
5. Insurgente: adj (lat insurgente) Que se insurge ou insurgiu. s m+f Pessoa sublevada
6. Diáfano: adj. Que deixa passar a luz através de sua massa compacta, sem, contudo, deixar ver distintamente as formas dos objetos;
7. Recalcitrante: adj. e s.m. e s.f. Que ou quem resiste obstinadamente. (Sin.: obstinado, opiniático, cabeçudo, teimoso, insistente.