DOM É LUZ QUE VEM DE DEUS

Dom não se compra na feira nem se conquista em faculdades. É uma dádiva de Deus, uma benção de luz doada pelo criador. Fonte da qual brota a inspiração para que cada um de nós possa desenvolver a atividade designada por nossa vocação. Pode ser atribuído como um fenômeno natural fluindo a inspiração, vertida por uma magia inexplicável, consumando em arte a criatividade individual.

Estudar é preciso aprimorando-se e lapidando o conhecimento, para que estes valores sejam aproveitados com talento e competência e se transformem em arte, seja qual for o seguimento designado por seu dom. Na literatura, por exemplo, digamos que ela seja uma floresta responsável pela oxigenação didática de nossa gramática. Nesta floresta teremos os belos e imponentes exemplares que se destacaram por que tiveram mais oportunidades de se preparar para desenvolver didaticamente seu porte físico gramatical expressando sua linguagem ilustrando com lirismo o visual da bela paisagem da qual tomam parte, ao passo que a outros faltou preparo os tornando subdesenvolvidos e esmirrados, embora tenha no seu interior muita poesia e belos sonhos, não encontram palavras para expressar seu talento, satisfazendo às exigências daqueles que se julgam como sendo donos da verdade e defensores de uma linguagem clássica. A fluência da linguagem coloquial só é tolerada por quem está imune ao preconceito, julgando-a como mensageira cultural, desconsiderando a falta de preparo do autor valorizando sua virtude e a intenção em deixar escrito algo sobre o convívio sociocultural de sua geração.

No meu caso, sou apenas um leigo sonhador, apaixonado pela história de minha terra e de nossa gente, mas faltou-me formação para que eu possa contribuir de forma a satisfazer as exigências da linguagem. Reconheço meu limite e procuro não me meter onde não me cabe. Jamais tive a intenção em tornar-me um escritor. Escrevi alguns fatos históricos baseados em lendas repassadas pela tradição de nossos antepassados. Geralmente as lendas nem sempre são verdadeiras, mas repassadas de geração para geração vão adquirindo credibilidade e acabam incorporadas na historia como sendo verídicas. Escrevi meu primeiro livro sem nenhum compromisso baseado nestas mentiras históricas. Tive uma agradável surpresa, sua repercussão obrigou-me a buscar a verdadeira historia e editar um segundo mais próximo da realidade. De repente os vejo sendo utilizados nas escolas, um fato inesperado, aumentando minha responsabilidade. Após, me senti numa camisa de força, estava eu sendo titulado como escritor coisa difícil de aceitar, sabedor que sou de minhas limitações. Não poderia eu, escrever mais de maneira tão errada passando uma linguagem irreal a tantas crianças. Com isso tento errar o menos possível o que torna impossível pela formação que recebi, cursei apenas a universal escola da vida. Agora me deparei com mais uma surpresa, convidado que fui para ocupar uma cadeira na recém fundada Academia Bom-Despachense de Letras. Reservam-me a cadeira nº vinte. Estou feliz com o convite, mas receoso não me julgo capacitado para ocupar esta honrosa posição, uma vez que não tenho nenhuma formação superior, como vou ocupar o espaço de um acadêmico?

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“Escrever é preciso... Relatando o passado e o presente está contribuindo para que a realidade esteja em comunhão com o futuro construindo a historia da sociedade a qual pertenceu.”

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Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 15/06/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3725654
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