Preconceito, uma palavra maldita

Resposta a um comentário de um tal Lord Byron, que me xingou de "sucker" um adjetivo pejorativo em ingles, referindo-se a um texto que publiquei aqui intitulado - "Um gay chamado calcinha". Certamente ele não entendeu a brincadeira que fiz.

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Continuo insistindo na tecla de que todos nós de uma maneira geral, estamos embarcando numa "canoa furada". Tudo que é muito polêmico e a gente poderia e deveria discutir abertamente e francamente, expondo pontos de vista diferentes (Viva as diferenças também de idéias).

Não obstante, tudo isso está sendo levado, classificado, embalado e rotulado convenientemente com uma terminologia inventada pela arrogância, ou exagerada inocência, de pessoas covardes, que têm medo de expor suas idéias, suas reações ou replicar comentários com argumentações sensatas e coerentes.

Encerram o assunto, fecham a mesa de discussão com a palavra preconceito.

Quando você é acusado de preconceituoso, você é atirado dentro do fogo do inferno. Ninguém aqui é Juiz ou tem o poder de um magistrado, para usar essa maldita palavra preconceito como martelo, assim sem mais nem menos.

Eu tenho sempre pronto, o extintor para apagar esse fogo, essa atrocidade, esse desrespeito, essa intolerância exacerbada. Eu tenho fôlego para recorrer a instancia superior, no altar onde reside a soberania da liberdade de pensamento e expressão individual, e o único rótulo que admito nesse momento, com muita complacência e paciência é a de didático e antipático.

Disponho de capacidade para defender-me e não preciso ficar me protegendo com chavões e me alimentando do capim fabricado pelas minorias ruidosas.

De onde veio essa idéia absurda, ditatorial, que duas partes discutindo, ou mais, uma delas pronuncia a palavra mágica preconceito e o(s) outro(s) automaticamente fica(m) derrotado(s) no debate e ainda é(são) obrigado(s) a freqüentar(em) o divã do psicanalista ?

Se for dessa maneira, pra que então alguém, ou um grupo, se dar ao trabalho de fazer uma crônica, e mais ainda: qual a utilidade dos comentários e de uma discussão ampla ? Qual o sentido de se estabelecer um Fórum de discussões.

Onde está a essência da liberdade de expressão ? Ou ela tem um tamanho certo, um limite, se passar dali é preconceito ? Ou ela foi elaborada convenientemente para substituir o famoso “cala-bôca”. Preconceito é uma atitude de ofensa pessoal, é você submeter uma pessoa especifica, num determinado lugar, a uma situação constrangedora, porque você não é igual a ela, ou condena o que ela faz. Discutir essas situações generalizadamente concordando ou discordando, aceitando ou não, é no mínimo de utilidade pública. E nessas discussões a palavra preconceito não pode funcionar como mordaça, como um paradigma. Não cabe, ou não deveria caber.

E tem mais, as pessoas que se dão ao trabalho de fazer uma crônica sobre algum assunto, elas de uma maneira ou de outra, acabam expondo pedaços de suas vidas ou de pessoas próximas ou de suas experiências mal vividas ou bem vividas, nas entrelinhas com sutilezas mil. O leitor inteligente sempre percebe alguma reação pessoal, mas nem por isso seria, como nunca será, de boa educação ficarmos aqui como comentaristas, recomendando ao autor do texto uma consulta ao psicólogo ou psiquiatra. No caso do psicólogo, será sempre uma decisão pessoal e/ou aconselhada por familiares e Amigos, no caso do psiquiatra, um ato médico. Nunca por opinião de um intruso.

Portanto, somos aqui pequeninos seres habitando o planeta das ilusões e até das “metamorfoses ambulantes”, mas a minha memória (assim como, a de muitas pessoas, felizmente) é muito seletiva e exigente. Registra coisas novas, grava por cima de coisas antigas se for necessário, recicla, atualiza, mas muitas atitudes e idéias liberais, são classificadas com “spam” e jogadas diretamente na “lixeira”.

Só pra finalizar e pra que todos aqui me entendam, eu freqüento a casa de uma amiga, que foi professora de minha filha no ensino fundamental (primário antigamente) e todo ano uma festa de arromba na fazenda do pai dela, distante 80 kms de Goiânia e no meio dos convidados um gay, cujo apelido é “calcinha”, super engraçado, bom de papo, alegre (pelo menos aparentemente) e eu converso e rio de suas piadas, junto com a minha mulher e outros amigos. Agora, perguntem pra mim, se alguém algum dia, me verá conversando com ele (ou ela) a sós debaixo de um pé de jabuticaba, por exemplo, afastado de todos. Nunca. E isto seria preconceito de minha parte?

Entenderam a diferença ? Agora, se mesmo assim, ainda quiserem continuar me rotulando, ai eu vou me divertir a beça porque terei tido pela primeira vez em público a oportunidade de constatar o quanto as pessoas são falsas e mentirosas e preferem ficar em cima do muro.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 14/06/2012
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