A BOLA DE FOGO

Foi uma estranha noite, a lua de quarto minguante era apenas uma nesga em um céu estrelado, o vento soprava suave sobre a copa das arvores como se tentasse compor uma melodia em partituras inscritas no mais absoluto silencio. Na tosca morada que me abrigava quando excursionava àquelas paragens lúdicas, sob a luz da lamparina a querosene, fazia um calor infernal, Apesar de ser ainda cedo, os ponteiros do relógio apontavam as 22 hs, resolvi abrir a porta para sorver a brisa e espantar o calor . O silencio era absoluto, a não ser o vento ou algum animal noturno em caça. Envolvi-me em pensamentos, lembranças e bailei sob os acordes da orquestra da vida, viajei por mundos profanos e rei aportar em um novo entardecer sob o manto avermelhado do sol se despedindo em uma paisagem mais que perfeita de seres renovados e que migraram em busca da luz ... O estalar de uma cigarra me trouxe de volta e ao volver as vista para a esquerda e deparei com uma enorme bola de fogo que se deslocava em direção ao mar. Eu gostaria que alguém visse que presenciasse aquilo que poucos mortais viram ou quem sabe jamais verão. Eu tinha pressa e chamei a minha companheira então, Rosário: ela acordou e se dirigiu até a porta eu mostrei a ela o fenômeno e ela ficou abismada, porém, disse-me: entremos porque se a bola passar por nós, ela nos cegará. Temendo, atendi aos apelos dela, mas e mim ficou uma duvida perene que já dura 40 anos. Eu fiz o certo, ou deveria ser mai corajoso, esperar ou mesmo me aventurar e mergulhar sobre aquela esfera de fogo, quem sabe fosse uma nave que tivesse vindo me buscar ou uma janela no tempo que me levasse a uma nova dimensão, onde não houvesse ódio, inveja ou aflição e que todos nos amassemos incondicionalmente. Eu não sei, eu sinto saudades, tenho pensamentos e variações temáticas, porque eu era um aventureiro, um desafiante do desconhecido, um semeador do amor, e hoje, eu sou sedentário, limitado nas ações, mas infinito nos sonhos e intenso na vontade de amar... Com sofreguidão, com emoção e que tu me surpreendas a cada manhã e te tornes sempre a minha musa inspiradora a cada ocaso, quando o sol se despede e emerge no mar, eu quero afundar-me em ti, ser o naufrago da esperança, o mensageiro do amor e saber que me amas, porque eu já te amo há tempos. E agora! Se eu tivesse embarcado naquela enorme bola de fogo? Você seria o fogo que me levaria ao êxtase extremo do amor e, me abandonaria no porto da felicidade?