Feliz 14 de Junho!
Você sabe que dia é hoje?
Não. Claro que não. Afinal, ninguém que possa ter alcançado o status de celebridade nasceu neste dia, não é uma data relacionada à sua crença religiosa e também não aconteceu nada no cenário político nacional em 14 de Junho.
Não se lembrar de nada relevante que possa estar ligado a este dia não é nenhum crime. Não reprovará você em nenhum curso acadêmico. Não mudará sua vida. É o que provavelmente você deve estar pensando, certo?
Aí você se engana, caro leitor. Hoje é um dia muito, muito, muito especial. É o dia que você merece aplausos e reconhecimentos; é o dia que você merece ser ovacionado; é o dia que todos deveriam parar o que estão apressadamente fazendo para saudarem uns aos outros – afinal, todos estão juntos nessa comitiva.
Ao contrário do que você pensa ninguém que mereça o adjetivo “importante” nasceu nesta data – que paradoxo este já que todos nós somos importantes dentro de suas individualidades e capacidades, mas não é o que a massa diz então...
Sem parecer muito emocional quero do fundo do meu coração dar meus sinceros cumprimentos e irônicos reconhecimentos a vocês. Por quê? Ora bolas, você como qualquer um que quer conquistar, ter o maior número de coisas e apenas se preocupa com seu bem estar para ser feliz se esqueceu do aniversário do início da maior tragédia que a história já testemunhou: o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 14 de Junho de 1940 os primeiros 728 presos chegaram ao campo de concentração de Auschwitz, localizado na Polônia. Eram todos judeus e relevantes para o cenário político de suas nações. Importante detalhe: não vieram sozinhos. Suas esposas e filhos os acompanharam.
Faz 72 anos que o maior genocídio da história aconteceu; faz 72 anos que a maior limpeza étnica ocorreu; faz 72 anos que um homem que se achava Deus começou a julgar e sentenciar milhões de inocentes como criminosos simplesmente por serem “diferentes” e você pouco se importa com isso.
Bah! Tirei o chapéu para você.
Enquanto isso acontecia o discurso do regime ao restante ariano era que os judeus estavam sendo retirados para serem assentados em novas terras onde poderiam usufruir de benefícios, exercerem suas profissões, praticar esportes e as crianças teriam acesso a melhor educação que se encontrava a disposição. Que lindo! pensavam os alemães. Nosso governo é fabuloso! concluíam sem exercer um raciocínio crítico necessário.
Quer saber, isso não tem nada a ver comigo. Azar o deles terem nascido judeus, justificavam os alemães. Mais do que isso. Bem feito! era a sentença mais ouvida.
Nisso me pergunto: qual diferença entre o passado e o presente? Pouca.
Sabe o que isso deixa claro? Mostra que não pensamos mais como humanidade. Mais de cinco milhões de pessoas morreram e poucos ligaram. Quantas pessoas morrem diariamente e ninguém dá a mínima?
Perdoem minha redundância, mas não posso deixar de insistir em parabenizá-los. Qual espécie ou povo que não lembraria melancolicamente da data que inicia um período de tamanha treva e dor na história mundial?
Uau! Parabéns a nós por sermos a única espécie que é capaz de torturar e assassinar semelhantes. Parabéns a nós por não ligarmos para a dor de quem está ao nosso redor.
Feliz 14 de Junho.