Vida em fragmentos
Compartilhamos nossos status, nossos filmes, nossas músicas. Fazemos check-in nos lugares que vamos. Qual o estímulo para isso? Qual o nosso intuito? De onde vem essa ânsia de mostrar (quase) tudo que fazemos uns aos outros? A internet é uma via de duas mãos, aproximando quem está perto, e afastando quem está do lado. Sabemos de tudo e conversamos com mil pessoas, mas não conhecemos nada profundamente. A conectividade faz o mundo inteiro estar ao alcance das mãos, mas ao mesmo tempo você passa despercebido pelo excesso de informação que nos é despejado todos os dias. De repente você percebe que não é o único que gosta de tal filme cult ou tal banda alternativa, e que isso não te faz nem um pouco especial, você continua sendo apenas um floco de neve caindo na noite, frio e isolado. E quando chega ao chão, funde-se com milhares de outros flocos, tornando-se algo imperceptível.
Tudo é raso; falta-nos toque, cheiro, gosto e vida. O sentido de compartilhar coisas vem provavelmente do instinto primordial da alegria partilhada, pois se algo nos agrada queremos mostrar, queremos que as pessoas vejam e se emocionem conosco. Não nos basta de jeito nenhum curtir em silêncio. Mas há algo de errado. Quando tudo começa a ser virtual, algo falta na vida real. A aventura, o prazer da experiência real. A preguiça e o tédio toma conta de nós todos os dias, não somos capazes de levantar o traseiro da cadeira e ir atrás do que queremos, acostumados a ter tudo pronto. Falta dinheiro, tempo, e sobra indecisão. Se você tem pernas, corra atrás, você não é especial pra ficar esperando que alguém te descubra. Descubra-se, e não passe a vida lamentando, afinal, ninguém enriquece (não só materialmente) sem esforço e nem conhece o mundo sem coragem.