Sou professor, mereço tudo isso?
Há muito a mídia escrita e falada vem bombardeando uma classe de trabalhadores, que um dia foi por demais valorizada, ou seja, o professor.
Sabemos que o povo tem memória curta, esquece facilmente fatos que jamais poderiam esquecer, mas esquecem.
Lendo alguns artigos publicados em um jornal conceituado do RS, me deparei com um artigo de uma professora da Uergs, Srª Noeli Demaman sob o título: “Quem mandou ser professor?” E outro artigo também publicado neste jornal, só que em data diferente, em que um professor da UFRGS, Sr. Fernando Seffner escreveu sobre: “Repetência: drama em três curtos atos”. O que será que esses temas têm em comum com o titulo do artigo que estou escrevendo?
Pois bem, hoje o professor passou a ser responsável até mesmo pela educação básica, aquela que já trazemos do berço, ou seja, precisamos ensinar ao aluno, valores, disciplina, bons modos, respeito e também é claro, os conteúdos da disciplina da qual ele esteja atuando.
Será que é esta a tarefa do professor? Auxiliar, indicar o caminho do bem, até acho válido, com certeza isso pode ser conciliado em certas disciplinas, mas até quando vamos sofrer pressão e sermos tratados como culpados pela evasão, pela reprovação, como se não tivéssemos pulso forte para enfrentarmos tais situações.
Retirei um trecho do artigo da professora Noeli onde ela dizia bem assim: “(...) Estou dizendo que os profissionais da educação são santos? Nem são, nem assim querem ser tratados. São pessoas como tantas outras com necessidades básicas de moradia e transporte, educação dos filhos, compra de livros, pagamentos de atividades de lazer e cultura, como humanos mortais.(...)” O professor é um ser normal, ele não pode fazer além daquilo que é capaz, apesar de que às vezes, precisa fazê-lo, “quem mandou ser professor?”.
Muito ainda, posso escrever sobre o assunto, até mesmo me sentir indignada muitas vezes pensando ser eu o problema, mas gosto do que faço e acredito que posso fazer a diferença, mas digo que está sendo difícil e aproveitando o gancho trago um trecho do artigo do professor Fernando que dizia assim: “Difícil saber o que mostram as taxas de repetência. Reprovar é indicativo de qualidade ou de falência da educação? A ‘culpa’ é dos alunos, dos professores, dos gestores, da própria população gaúcha? A resposta não está simplesmente nos índices, taxas ou números, está na compreensão que cada grupo social tem do valor da educação.”
Aproveitando as palavras desses profissionais da educação e sabendo que a preocupação que eu tenho, também é a de tantos outros colegas que valorizam essa profissão, que um dia foi tão respeitada, façamos uma reflexão sobre o assunto. Assim como vemos a educação sofrer nas mãos de um sistema falido, podemos acompanhar diariamente fazerem o mesmo com a saúde. Será que os futuros mandatários estarão pensando no que fazer para resolverem essa situação, situação esta, que o próprio sistema político criou?
Sou professora, será que mereço passar por tudo isso?