Um presente para Vossa Alteza Sereníssima, Kira

Alteza, permita-me, em virtude da intimidade entre nós, referir-me a Vossa Alteza Sereníssima apenas por Você. Fico livre de confundir quando devo usar Vossa e quando devo preferir Sua. Enfim, fiquei mesmo encantada com algo que só direi daqui a pouco. Mas, quero contar uma história. Você ainda é uma criança, e que linda criança. Aqui entre nós, permita-me outra vez, na verdade, não sou muito dessas aproximações carinhosas em excesso, mesmo porque eu não sou uma sangue azul e nem sei falar a sua linguagem. Quero dizer que, ao voltar de uma solenidade, quando passava pelo Parque Olímpio Campos (é uma praça aqui, na minha cidade, e onde está a Catedral), algo me chamou a atenção, que coisinha tão lindinha, mimosa, encantadora. Está aflita por saber? Tenha um tanto de calma e não abuse de sua autoridade para me mandar para o calabouço do aeroporto (depois conto pra você sobre isto, ok?). Quando avistei o objeto de que falo, fui tomada por uma onda de carinho, de ternura. Voltei na máquina do tempo quando comprava miudezas para os meus filhos. Não comprei propriamente uma miudeza para você, princesa Kira. Não me interprete mal.Comecei a conversar com o dono da barraca. Da barraca, não, foi mal. Da tenda, assim se diz em seu país. Conversa pra lá, conversa pra cá, a minha cabeça passava um filme. Vou comprar para a minha caçula que vem logo mais me visitar. Assim direi a ela: eu comprei tantos deste para você, suas irmãs e seu irmão.Princesa, compreendo a sua impaciência real, mas falta só um pouquinho. Foi o seguinte: no filme que passava em minha mente você apareceu. Decidi, o presente será para ela, você, claro. A ternura aumentou, emocionada comprei o presente que enviarei por minha filha que o passará às suas delicadas mãos de princesa.Kira, querida, eu vi uma foto na qual você está no colo da minha filha, isto me desmontou, o seu olhar de tanta candura e imenso carinho tocou profundamente o meu coração de mãe, mãe da minha filha, naturalmente.Enviarei para você, delicada criatura da realeza, um pequenino tamborete, artesanato sergipano, com o assento forrado em chita. Ah, sei que você não entende dessas coisas de brasileiros nordestinos, tamboretes feitos com tábuas de caixotes, ora só, mas sei que vai adorar o presentinho.

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KIRA é o nome da cachorrinha dos pais do meu genro, Oscar Pena, espanhol e residente em Madri.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 12/06/2012
Reeditado em 12/06/2012
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