"BREVIDADE"
Brevidade: Prato típico da culinária mineira, uma espécie de bolo, feito com polvilho, ovos e açúcar, muito fofo, derrete na boca.
Para mim brevidade tem sabor da infância, cresci experimentando essa delicia que minha mãe fazia como ninguém.
Quando soube que receberia a visita de três irmãs minhas naquela tarde, resolvi me atrever a preparar esse delicioso bolo para surpreendê-las e recepciona-las. Chegaram cheias de novidades e alegrias, todas falando ao mesmo tempo. Nos sentamos à mesa e eu tirei do forno a tal brevidade-novidade, houve até aplausos, não sei se foram para mim ou para o bolo. Todas disseram que há muito tempo não comiam a tal delicia. E, entre um pedaço e outro, fomos nos recordando da infância, falando das travessuras, brincadeiras. Vieram muitos bons momentos e também alguns não tão bons assim, que eu interrompi dizendo que aquele deveria ser um momento de alegrias somente. Então, falamos do jeito que minha mãe preparava a brevidade, que era feita em grande quantidade, porque a família era numerosa e ninguém se contentava com um só pedaço. Como era preciso bater bastante a massa, ela pedia ajuda a meu pai, que reclamava de inicio, mas depois acabava cedendo e fazia o que lhe tinha sido pedido, ralhando conosco quando queríamos passar o dedo na massa para provar antes de ficar pronta. Então, fomos falando, recordando, rindo, chorando nesta mistura de emoção, saudade e sabor. Quando demos por conta, havíamos comido toda brevidade, só restaram farelos espalhados pelo chão e pelas roupas, rimos e nos abraçamos, como que para matar um pouco da saudade de entes queridos que já não estavam mais entre nós, e de um tempo que ficou para trás. Pensei comigo, assim como aquela brevidade a vida é também tão breve, por isso deve ser vivida e sentida com toda intensidade.
Conclusão: Provei muitas brevidades na vida, e a cada dia a vida me prova a brevidade que ela tem.