A MINHA C RÔNICA DO DIA.
A MINHA CRÔNICA DO DIA.
Seria interessante iniciar esta crônica falando sobre as desigualdades.
Mas são tantas que fica até complicado destacarmos estas ou aquelas, mas vamos nos fixar em uma das tantas. A desigualdade do amor.
Existe coisa mais esdrúxula do que falar sobre desigualdade do amor? Ora bolas, se é amor este na sua plenitude não admite ser desigual. Ou permite? Acredito que sim.
Vejamos. Aquele amor primeiro. Aquele palpitar descompassado, aquele rubor, aquela sensação que sentimos ao nos encontrarmos diante da nossa primeira namorada ou namorado. Aquele tipo de confusão emocional e não mental. Tudo que lembra o ser amado nos deixa com a alma em festa. Escrevemos repetidamente o seu nome. Nas vitrines imaginamos o ser amado, vestido com aquela roupa. Ou o perfume. Sim aquele perfume que nos leva a viajarmos no nosso imaginário...
Tudo nos reporta ao primeiro amor. Nada mais passa a ter significado que não aquela pessoa, aquele ser lindo, maravilhoso, sexi, atraente e, sobretudo amado.
Os estudos, compromissos, trabalho, viagens, família e familiares são deixados em um segundo plano. Estamos amando. Uma simples flor. A música. Seja ela eletrônica, balada, samba, bolero, salsa, pagode até sinfônica nos eleva e nos deixa flutuar em direção ano nosso primeiro amor.
Quem não escreveu repetidas vezes o nome do primeiro amor?
Quem não detonou inúmeros torpedos para o primeiro amor?
Quem ainda não experimentou aquele formigamento mental, provocado pelo primeiro amor?
Então quando amamos pela primeira vez, passamos a fazer parte de uma elite destacada, e isso não é redundância. Simplesmente somos privilegiados, porque somos e estamos diferentes. Muitas vezes até indiferentes a tudo e a todos. Menos em relação ao nosso primeiro amor.
O simples tocar do celular, e se for no horário marcado. E se não o for? O tocar do celular, a identificação do número. Só isto basta para que nos sintamos poderosos e cheios de adrenalina.
Não adianta disfarçar a voz de angústia e de prazer. Aquela voz nos acalma e nos leva a um estado de euforia interna que só nós sabemos.
Isto então pode chamar de uma situação de plenitude total.
Outras vezes este nosso primeiro amor, nos deixa em estado de frangalhos. Amamos e não somos correspondidos. Vamos à loucura. Fazemos papel de bobos da corte. Perdemos o referencial, a compostura e ficamos como um barquinho de papel sem direção, em uma enxurrada de paixões. Não sabemos como nos comportar, como agir em relação àquela pessoa que amamos, que adoramos, que desejamos e sonhamos. Mas ela não está nem aí.
E quando ocorre o contrário? Você já sentiu ou experimentou esta situação?
Aquele garotão sarado, com o carro todo incrementado, com um bronzeado magnífico, que sabe curtir a vida, que está em todas as baladas e de repente muda radicalmente, só por você. E você simplesmente o esnoba. Não faz o seu tipo. Mas sabe que o dito cujo está de quatro por você. E aquela garota, toda produzida, paparicada, poderosa, do tipo arrasa quarteirão, figura permanente nas baladas, nas colunas especializadas da nigth, fica toda desmontada e insegura quando lhe vê? Que só falta bancar o mico e escrever na testa que está afim de você?
Amor não correspondido. Amor bandido. Amor desadrenalizado.
São situações diferentes.
Mas são amores desiguais. Amores que existem no dia a dia. A desigualdade não se refere aqui na quantidade e nem na qualidade. Mas sim na forma de sentir o amor. Amor bandido, amor arrasa quarteirão, amor vagabundo, amor safado, amor loucura total. São as formas de se sentir o amor. Uns até emagrecem. Não é bulemia. É amor. Simplesmente nem Freud explica. Quando se ama pela primeira vez, não existe um tratamento para que seja solucionado este problema. Simplesmente se ama.
A desigualdade do amor também existe em outros planos.
Muitas vezes esquecemos de nos amar. Interessante. Uns até diriam que seria um tipo de narcisismo. Não. Ao nos olharmos no espelho, bem vestidos, cabelos bem arrumados, uma boa maquiagem, uma barba bem feita, com aquele brilho no olhar. Estamos nos sentindo amados por nós mesmos. Amar a si mesmo. Lógico que é interessante amar a si mesmo. Primeiro temos que nos amar, para que possamos amar os outros. Não dizia o Nazareno: Amar aos outros como se amasse a si mesmo? Então vamos nos amar. Vamos sentir poderosos e poderosas. Vamos nos encher do nosso amor próprio. Vamos nos valorizar a cada dia e veremos que à medida que nos amamos, passaremos a amar todo o Universo. Nem que este Universo seja aquela deusa ou aquele saradão.
Outros ainda, são incapazes de amar. Rochas petrificadas. Verdadeiras rochas Tepees.
Não encontram prazer em nada a não ser em não concordar com as coisas bonitas da vida, dentre elas o amor. Em geral são mal humoradas. Mal resolvidas. Esta seria a classificação.
Não percamos tempos com tais pessoas, tentando modifica-las, na acepção da palavra. Quando as virem simplesmente não as ignore. Mas sim, pratique um tipo de amor mental. Faça transportar o seu pensamento de tal modo, que você a imagine mais feliz, menos carrancuda, menos derrotista. Ganhe um pouco de tempo, acrescente algo positivo no seu dia, na sua vida, enviando pensamentos positivos e construtivos para aquela pessoa, que sabe o que é o amor e não concorda com o amor que as pessoas sentem. Não estamos falando daquele amor voluntário. Mas sim do amor involuntário. Envie um pouco do seu amor para aquela pessoa, que nunca sentiu amor. E você receberá muito mais amor.
Mas amor é algo que não se classifica. Ao contrário das desigualdades do amor e da sua forma. Amor sempre será amor.
Mas o importante é nos realizemos ao amar. Amor primeiro. Primeiro amor.
Você se lembra do nome do seu primeiro amor?
Um último lembrete. Cuidado para não começar com rosas e terminar com espinhos.
Mas se terminar com espinhos, você sempre se lembrará que as rosas foram para o seu primeiro amor.
Ame.
Romão ( de traz para frente sem o acento : oamor)