NOITE DOS NAMORADOS
— Mô...
— Hum...
— Que cara é essa?
— A minha, né, Joel Antônio?
(queria que eu risse? Ah!)
— Cê não tá normal, Natacha Helena... Quê que há?
— Nada, já falei...
(será que não se manca, esse otário?)
— Poxa, mô, hoje é Dia dos Namorados, e cê aí toda emburrada...
— Emburrada, eu? Quem falou?
(que cínico, gente!)
— Cê não queria tanto vir aqui no “Candy Night”?
— Queria.
(o bar enfumaçado do Fael é que não dá, ninguém merece, ai!)
— Então... A noite é nossa, mô, melhora essa carinha, vai...
— Eu não tô com “essa carinha”, Joel! Desencana, cara!
(que panaca! Não entende nada de mulher, esse aí, ufa!)
— Pois é, Tachinha. Fiz vale na oficina pra gente sair e olha aí...
— Não tô reclamando de nada...
(isso que dá namorar pessoa sem romantismo)
— Até comprei essa camisa polo da Jacarezinho, sei que cê gosta...
— Ah, que isso agora, Joel?
(ainda mais esse laranja-cheguei...)
— Sabe, eu faço tudo pra te agradar, mas tem hora que não dá, viu?
— Tô te amolando com alguma coisa? Tô, Joel?
(o cara não manja nada mesmo, uia!)
— Quê que tá faltando pra você, princesa?
— Nada! Eu tenho tudo que quero, Joel!
(menos o CD do Teló que eu achei que ia ganhar hoje e cê nem desconfiou, droga!)
— Quer saber, Natacha Helena? Cansei! Tô indo pra casa!
— Vai, vai correndo!
(ai, que ódio!)
—Fica aí, Natacha! Fica aí com esse bicão! Ganho mais indo dormir!
— Inda não foi por que, hein?
(ah, vá te catar!)
— O CD do Teló e as flores já vêm aí, viu? Era surpresa! Fuuui!
— CD do Teló? Joeeel, vem cá, amor... Joel Antônio, volta aqui!
(ai, tadinho do Joel! Exagerei...)