Hilários passageiros
Andar de ônibus nem sempre é confortável, mas pode ser divertido. É cada figura que encontramos, e são tantas as histórias! Outro dia depois de esperar meia hora, pelo ônibus que me deixaria perto de casa, disputar com outras pessoas um assento do lado da janela e finalmente adaptar meu fone de ouvido no celular para curtir minha música sem incomodar, sentou do meu lado um sujeito. Pelo odor de álcool que exalava do cara, percebi que a viagem seria longa. O que eu não previa é que além de longa, a viagem seria sem música, pois o meu companheiro de assento ignorou o meu fone de ouvido e a minha cara de poucos amigos e puxou conversa. No inicio comecei a responder suas perguntas por monossílabos ou simplesmente balançava a cabeça, mas depois que ele começou a contar sobre sua vida, me interessei de verdade. O camarada contou que era solteiro, mas que tivera três mulheres e com cada uma um filho. Contou inclusive, que suas ex-mulheres são hoje grandes amigas e que o deixaram pelo mesmo motivo; Não aceitaram dividi-lo com a cachaça. O mais incrível de tudo é que o cara era até boa pinta. Confesso que cheguei até a pensar em como ele seria livre do álcool, mas quando perguntei se ele bebia só de vez enquanto, ele foi sincero em dizer que não. Falou que bebia todos os dias uma branquinha antes do almoço, um conhaque e duas cervejas assim que saia do serviço, uma dose de vodca antes de dormir e nos fins de semana bebia tudo isso em dose tripla. Eu que já estava tonta por causa da sua proximidade encharcada em álcool, piorei ao ouvi-lo falar do seu consumo. Para ignorar as gotículas que caiam em mim toda vez que ele se empolgava na narrativa, comecei a observar os outros passageiros. No banco ao lado um homem muito magro, tinha levantado a perna da calça e coçava furiosamente a canela seca. Ele tinha um olhar vidrado. Não consegui decifrar se sua expressão era de prazer ou sofrimento. Na cadeira á minha frente um jovem casal se bolinavam disfarçadamente. A menina fingindo inocência deixava a mãozinha escorregar sem querer para o colo do companheiro. Pude perceber que o volume ali estava bem visível. O rapaz a abraçava carinhosamente e por ter os braços compridos, sem querer sua mão descansava nos seios proeminentes da garota. Eu estava bem entretida com o enlevo, quando um barulho chamou minha atenção. Um senhor gorducho cochilou e quando o ônibus fez uma curva,caiu de cara no chão.Algumas pessoas riram gostosamente, esquecidas talvez de que um dia se não caíram enquanto cochilavam,certamente bateram com a testa nos ferros.A viagem chegou ao final.O homem da coceira desceu com a perna da calça ainda levantada.Pude ver que sua canela estava vermelha e cheia de calombos. Será que era pulga ou carrapato? O casalzinho desceu de cabeça baixa. Notei que o rapaz trazia a mochila tampando a parte da frente. Por que será? O senhor gordo desceu rapidamente sem olhar para ninguém, mas eu vi um enorme galo em sua testa. Quanto ao bêbado cismou comigo. Assim que desci ele veio com aquele papo de que adorou me conhecer e que gostaria de me acompanhar até em casa. Recusei a companhia e sai andando sem nem olhar para traz. Tinha era graça! Obs.: Esta história é verídica. Vânia Lopes 09/06/2012