Quem dera ser crônica
Eu disse: "Que pena! Temos que aproveitar! Não podemos deixar par amanhã o que podemos fazer hoje!" Você respondeu: "Lá vem você com o 'carpe diem' " A ligação caiu. Tentei ligar novamente e não consegui. Você ligou. Eu disse: "Não consegui ligar. Já estava escrevendo uma mensagem" E você, ironicamente, respondeu: "Você gosta de escrever, né?" Então, como eu gosto mesmo de escrever, vou discorrer um pouco: "Carpe diem": Quando me apaixonei por você, me lembrei dessa expressão do filme 'Sociedade dos Poetas Mortos', que pregava "viver a vida", "aproveitar o dia". Era uma paixão extemporânea, proibida. Entretanto, superadas as dúvidas, venceu o latim: eu vivi e aproveitei. Confesso que em alguns momentos questionei a escolha, mas hoje, mais do que nunca, acredito que viver é a melhor escolha. E, quando algo ameaça trazer resquícios de incerteza outra vez, eu vejo algum velhinho e, olhando dentro de seus olhos, vejo o jovem que ele foi um dia. E me pergunto: Será que ele viveu a grande paixão? Ou, às vezes, tenho notícia de alguma vida ceifada ainda no seu auge: Será que ela deixou pra depois algo que queria muito fazer? Assim, a certeza volta com toda a força: Sim!!! "Carpe diem", hoje e sempre. Mas...deixa pra lá... Apenas elucubrações. Agora, voltando ao modo irônico em que você mencionou o fato de eu gostar de escrever, tudo depende do que somos hoje. O bom e o ruim. O certo e o errado. O bonito e o feio. Dependem de sentimento. Dependem da nossa emoção e da nossa paixão. Assim, se agora percebo que você fica entediado com meu excesso de palavras, ditas ou escritas, é apenas o momento. Em outro momento, nem tão longinquo, você disse assim: "escreve um poema para mim". É. Eu gosto de escrever. Mas eu sou a mesma. Apenas o momento mudou.