Gravidez, Maturidade e Outros Fatos Engraçados!
Após 18 anos, encontro-me grávida novamente.
Como a minha memória não guarda muitos detalhes das gravidezes anteriores, duas para ser mais exata, exceto os desejos estranhos e as histórias que os cercam, que ainda hoje geram muitas risadas, a sensação que tenho é de um dejávu.
Sensações as mais diversas se sucedem no correr do dia: enjoos, fome, mal-estar, euforia, cansaço, queda de pressão, sono, alegria..., depois vem à certeza que já vivi tudo isso.
Mas ainda há lacunas em minha mente:
- Com quantos meses vou sentir o bebê mover-se?
- Quando terei certeza do sexo?
- Quero mesmo saber qual o sexo?
- Sentirei desejo por comidas estranhas?
Além de todas essas incertezas, ainda tenho que conviver com o fato de que de repente me tornei uma celebridade na minha família, pois como diria o Lula:
- “Nunca antes da história da família Ferreira, uma mulher engravidou com uma diferença de 18 anos da última gravidez”.
Após contar a notícia tive que me acostumar com as caras de surpresas e os “oh!(s)” de espantos seguidos de perguntas como:
- Mas como você engravidou?
Quase fiz um desenho explicando.
- E irmãs mais velhas podem engravidar?
- Poder não podem, mas quando descobri já era tarde.
- Me conta como isso aconteceu?
Pensei em começar a contar a história das abelhinhas, ou até mesmo das cegonhas, mas optei por dar o meu melhor sorriso e dizer apenas:
- Foi o resultado de muito treino.
Enfim, depois de tudo esclarecido e da sessão de congratulações, veio o evento de encarar as filhas e contar a novidade.
Estava esperando crises de ciúmes e ranger de dentes e qual não foi a minha surpresa ao me deparar com comentários do tipo:
- Pô mãe vê se agora faz um menino, não aguentamos mais meninas nessa família.
Uma explicação se faz necessária. Tenho duas filhas do meu primeiro casamento, as minhas filhas possuem uma irmã do segundo casamento do pai. O meu marido atual possui uma filha o que soma um total de 4 irmãs.
E além de torcerem muito para o bebê seja um menino, as minhas filhas, em especial a que detinha com muito afinco o posto de caçula, me tornou seu projeto de ciências.
Ela me olha todos os dias, como um cientista observa seu rato de laboratório aguardando que as mutações se tornem evidentes. E faz questão de atualizar a irmã, que trabalha e cursa faculdade em outro estado, sobre os progressos da minha gestação.
Tenho que ouvir conversas do tipo:
- E aí mana tudo bem?
- Tudo. Nem te conto da mãe!
- Como ela está?
- Tá bem, e cada dia mais gorda.
- E a barriga já cresceu? Tá grande?
- Não muito. Tá um pouco maior do que a vez que ela estava obesa!
Tive que interromper:
- Eu nunca estive obesa, talvez um pouco acima do peso.
- Mãe, pros nossos padrões você estava obesa, nós só não comentamos contigo, para não magoá-la.
Perguntada sobre o seu interesse pela minha gravidez a minha caçula respondeu:
- Mãe eu nunca te vi grávida, nem amamentando. Você nunca tirou fotos, agora quero ver como você fica de barrigão.
Nunca havia pensando que a ausência daquelas fotos de gestantes expondo a barriga enorme, fizesse tanta falta a minha filha.
Com três meses de gravidez, não há muita barriga para mostrar e embora novamente houvesse cogitado a possibilidade de não registrar a minha gestação, começo a repensar essa ideia, pois não quero chegar aos 58 anos de idade e ouvir do meu filho de 20 anos:
- Mãe, quando terei um irmãozinho?
- Por que quer mais um irmão meu filho?
- Para ver como você fica de barrigão!