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As Sirenes da Cidade
autor: Flávio Cruz
Não me lembro mais como são as sirenes da minha cidade, São Paulo. As daqui, conheço muito bem. As sirenes das grandes cidades...Ambulâncias, polícia, caminhão de bombeiros. Elas começam ao longe, como um grito distante e vão se aproximando. Aproximam-se lancinates, cruciantes, pungentes. São gritos de socorro, são como um lamento. São tristes e angustiantes. Chegam perto, num máximo de agonia e depois vão se dissipando na distância. Antes de sumirem, no entanto, outras começam em outra parte da metrópole, parecem que vão chegar perto, mas não, vão sumindo novamente. São como gritos que não puderam ser ouvidos. Outras vêm, novamente mais fortes. São como o choro da cidade. São um grito de desespero, ecoando o tempo todo. Às vezes são como um simples lamento. Acho que é assim que as cidades choram, como elas gritam de dor. Como disse, não me lembro do som das sirenes da minha cidade, mas sei que é diferente. Parafraseando Gonçalves Dias, em Canção do Exílio,  “as sirenes que aqui tocam, não tocam como lá...”  Acho que é isso...Cada cidade tem sua maneira particular de chorar.

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