Tertúlia Literária
Fui convidado por um grupo de estudantes de jornalismo a participar de uma Tertúlia Literária, no espaço público da Biblioteca Estadual Presidente Castelo Branco. A palestra contou com poucos leitores, mas foi muito gratificante. Fiquei muito contente em lá ver leitores os quais não conhecia pessoalmente. Um dos estudantes do curso de Comunicação Social ressaltou, na ocasião, o que tem sido feito para conscientizar, do ponto de vista cultural e político, sobre o perigo e conseqüências da extinção do curso de Jornalismo. Em seguida, ele leu um trecho do meu livro:
(1) Formação
O exercício de qualquer profissão exige além de competência, a formação. Aliás, não consigo conceber uma sem a outra. O que diferencia uma costureira de bairro (sem desmerecê-las, claro) de uma estudante de Estilismo e Moda de uma faculdade?, ou uma boa cozinheira de um restaurante de alguém que faz o curso de Economia Doméstica? Eu poderia citar inúmeros exemplos para dizer que, além do talento, as pessoas precisam ter qualificação. E isso, em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, só se adquire com estudo. No caso, quem estuda a nível "superior", fazendo uma graduação, tem (ou pelo menos deveria ter, porque entra aí o fator talento) mais condições técnicas de exercer uma profissão do que outros que estudaram (se é que estudaram) somente até o nível médio.
Na hora de contratar, pode até ser que as empresas fiquem com os mais baratos. Mas, isso é insustentável, porque levará à falência por falta de bons resultados, qualquer negócio.
Acredito que deva ser criada uma nova lei regulamentando a profissão de jornalista. Enquanto isso, os ministros que votaram a favor da extinção do curso que arquem com as consequências das barbaridades liberadas por eles, as quais a população terá acesso (textos cheios de erros gramaticais, etc).
Vou dar um exemplo do que estou dizendo: A minha neta Elisa. Penso que ela se qualifica desde nova para exercer a função de maneira diferenciada. Tem curso de inglês concluído e com certificação concedida por uma universidade de Londres e, agora, está fazendo francês. Se no Brasil não a valorizarem, a minha filha será a primeira a incentivá-la a fazer uma especialização na Sorbone (a melhor universidade de Paris). Aliás, antes desse fato novo, ela já estava estudando línguas para isso. Por fim, a minha neta Elisa quer fazer História depois de Jornalismo para ser Arqueóloga/ Jornalista especializada em matérias para revistas qualificadas.
Quem é bom no que faz sempre se resolve. É para isso que lutamos, não é verdade?
(1) Extraído do livro “Fiteiro Cultural, pp. 181-2, ed. 2011.