1940, Futebol da Saudade
Rio de Janeiro, capital da República, grandes times de futebol. Todo bom jogador sonhava em atuar numa equipe do Rio de Janeiro. Fazia sete anos que o profissionalismo havia sido implantado no Brasil, mas parecia que só os cariocas o levavam a sério essa inovação. Até as equipes consideradas menores eram repletas de jogadores de outros estados e também de argentinos, uruguaios e paraguaios.
Mas em 1940, o Fluminense F. C. foi o campeão carioca e tinha em suas fileiras sete jogadores argentinos. Na verdade, o tricolor das laranjeiras tinha duas equipes por ter praticamente 2 jogadores para cada posição.
Ao final de três turnos de muita luta, chegavam a ultima rodada Fluminense, Botafogo, Flamengo e Vasco, equipes que eram recheados de craques, muito próximas umas das outras. Os rubro-negros poderiam tirar o título do tricolor. O ultimo jogo do Fluminense seria em Figueira de Mello, campo do São Cristóvão. O time cadete, como era chamado, nada tinha a perder, pois nada os tiraria do 6º lugar. Mas os pontos interessavam ao Flamengo. Na época diziam que o São Cristóvão jogaria motivado pelos 2 contos de réis oferecidos pelo Flamengo.
A partida contra o São Cristóvão aconteceu no dia 22 de dezembro de 1940. O resultado da partida bastante disputada foi 5 x 3 para o tricolor das laranjeiras. Garantindo-lhe o título de 1940.
A equipe de Álvaro Chaves atuou com Batatais, Norival e Machado; Bioró, Spinelli e Mallazzo; Adilson, Romeu Peliciari, Rongo, Tim e Carreiro.
O São Cristóvão de F. R. formou com Madalena, Augusto e Mundinho; Guálter, Hernandez e Dodô; Roberto, Vilhegas, Nestor, Curtis e Matias.
Os gols da partida foram marcados por Rongo (4) e Adilson, para o Fluminense. Para a equipe cadete marcaram Matias, Curtis e Nestor. A arbitragem em Figueira de Mello esteve a cargo de Guilherme Gomes.
O time base do C. R. Flamengo, em 1940, era formado por Yustrich, Domingos da Guia e Osvaldo; Médio, Jocelino e Artigas; Sá, Zizinho, Caxambú, Leônidas da Silva e Armandinho.
O Botafogo de F. R. tinha como equipe base: Aimoré, GranBell e Nariz; Zezé Procópio, Zezé Moreira e Canalli; Álvaro, Paschoal, Heleno, Geninho e Patesko.
E o C. R. Vasco da Gama tinha como equipe base, em 1940: Nascimento, Jaú e Florindo; Figliola, Zarzur e Dacunto; Lindo, Alfredo, Durval, Viladonica e Orlando.
O Fluminense F. C. tinha como base: Batatais, Moisés e Machado; Bioró, Brant e Mallazzo; Pedro Amorim, Romeu Peliciari, Milani, Tim e Carreiro.
Naquele mesmo dia 22 de dezembro de 1940 chegava ao Rio de Janeiro, vinda dos Estados Unidos a Pequena Notável, Carmem Miranda, que estava fazendo muito sucesso na terra do cinema.
No Rio de Janeiro fazia muito sucesso uma marcha cantada por Carmem e de autoria de Alberto Ribeiro. Grande sucesso que todos sabiam de cor, “Cachorro Vira-lata”, que era assim:
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba está findo
Vira-lata esta latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
E outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer
E quando passa a carrocinha
A gente logo adivinha a conclusão
O vira-lata, coitado
Que não foi matriculado
Desta vez "virou"... sabão
Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão
Também em 1940 fazia 10 anos da Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder. E Getúlio era homenageado por milhares de operários que desfilaram no centro da Capital Federal.