O CRIME ORGANIZADO É UM NEGÓCIO COMO OUTRO QUALQUER

Jorge Linhaça

Não amigos, não descobri a América e nem vou por a culpa no Zé.

Muito menos vou fazer apologia ao crime, apenas constatações.

Todo o comércio no Brasil e no Mundo está ligado à lei da oferta e da procura. Enquanto há demanda o produto é fabricado e distribuído, em não havendo demanda a empresa tende a encolher, desaparecer ou ser absorvida por outra mais preparada ou diversificada que não dependa apenas daquele produto para sobreviver.

O crime organizado envolve vultuosas somas e é preciso contabilizar também as perdas “previsíveis” no negócio.

Assim como qualquer outra indústria, a do crime gera seus empregos e organogramas, remunerando seus “funcionários” de acordo com seu desempenho e função. É a síntese do capitalismo.

Claro que ninguém pode esperar um plano de aposentadoria, mas está garantido, sempre, o auxilio funeral.

O interessante é que o crime organizado não existe necessária ou diretamente por culpa dos governantes. Isso é balela eleitoreira. Claro que eles têm a responsabilidade de procurar conter, na medida do possível, essa indústria clandestina.

Mas vejamos por exemplo, a indústria das drogas, o problema que mais assola a nossa juventude e acaba sendo gerador de vários outros crimes ou delitos como roubos, furtos, assaltos, prostituição e etc.

Quem consome as drogas? São os governantes? Ah, alguns com certeza, mas não devem ser a maioria. Grande parte de nossos políticos prefere é encher mesmo a cara.

Quem consome o produto do crime organizado é a população, portanto para acabar com o tráfico de drogas não é necessário prender todos os traficantes, é necessário parar de consumir, isso sim.

Enquanto alguns políticos ficarem fazendo apologia ao uso da maconha e sua descriminalização, enquanto o Tribunal Federal faltar com o respeito às leis, permitindo as tais “marchas da maconha” alegando que existe a liberdade de expressão, nossa juventude se sentirá no direito de “experimentar” na ilusão de que não se tornará toxicodependente.

Se não houver quem consuma a droga, não haverá soldados do tráfico, não haverá confrontos com “balas perdidas”, diminuirá a prostituição adulta e infantil, haverá queda na criminalidade como um todo.

Descriminalizar a droga só vai fazer o dinheiro mudar de mãos, com o governo coletando impostos sobre a desgraça alheia, com a desculpa que eles reverterão para o tratamento dos toxicodependentes. Oras bolas, não havendo toxicodependentes não é necessário tratamento.

Querem ver uma coisa bastante hipócrita?

Quem é fumante hoje é tratado como se fosse um marginal em quase todas as cidades do país. Existem cidades no mundo que andam proibindo as pessoas de fumarem até me parques e locais públicos.

Mas não vejo nenhum governo fechando as indústrias de cigarro...

Dizem que o tabaco mata não sei quantos milhares de pessoas ao ano,

Posso até concordar, mas e a bebida? Quantos ela mata direta ou indiretamente?

Quantos acidentes de transito são causados pela bebida? Quantos pelo cigarro?

E pode-se beber livremente nas calçadas e ao lado de crianças.

Que droga de hipocrisia é esta?

Tudo que escrevi acima reflete no sistema de saúde, na segurança pública, na educação, no sistema de transportes, nas estradas...enfim, reflete em todo o lado mas é fruto não apenas dos partidos políticos que precisam das desgraças para fazer campanha eleitoral cheia de promessas, é fruto também da inoperância da própria sociedade, em todos os seus estratos, que está ocupada demais trabalhando ou vendo novelas e jogos de futebol para perceber as mudanças de comportamento nos seus filhos.

Não adianta você ficar queimando os miolos pensando em quem votar nas próximas eleições se você mesmo não assumir o seu papel de administrador (a) de sua casa, se não começar dentro das quatro paredes do seu lar a combater aquilo que causa estrago a milhares de vida.

Que moral tem um pai que fica embriagado, para dizer ao seu filho pra não usar drogas?

Mesmo quem bebe socialmente, pode esperar que seus filhos não “cheirem” socialmente?

O crime organizado só existe porque a sociedade compactua com ele, porque a TV e o cinema o “glamourizam” criando figuras de bandidos sangue-bom. Virou moda o bandido de novela se dar bem no final, sumindo no mundo.

Enquanto nossa sociedade for omissa, complacente, indolente e subserviente, o crime organizado vai se fortalecer cada vez mais e invadir cada vez mais a própria polícia e os governantes.

Ou alguém é capaz de me convencer de que só a policia não sabe onde fica aquela boca de fumo ai perto de sua casa?

Em defesa dos policiais sérios ( sim ainda há alguns ) é preciso dizer que ser policial é um saco. Ganha-se uma miséria, expõe-se a vida a risco todos os dias, obedecem-se ordens às vezes sem sentido e, quando se derruba a casa de um traficante enfrenta-se toda a burocracia para registrar ocorrência e depois se vê o cara na rua porque as leis deste país são uma piada.

O legislativo e o judiciário deste país ocupam-se de criar leis para favorecer ao criminoso. Principalmente aos que têm grana ou padrinhos políticos.

Moralizar o país de cima para baixo já se mostrou impossível, a moralização precisa começar na própria população. Se tivermos uma população honesta, cidadã, consciente e mobilizada, a tendência é que aprendamos a eleger governos nas mesmas condições.

Afinal quem está lá é o reflexo da maioria que está aqui.

Salvador, 03/06/2012