Sim ou não?

"Queria ser mais fiel ao papel. Tem vezes que ele precisa me escutar, mas eu não dou a mínima. Tenho medo de prosseguir minha história, essa que nem eu mesmo sei. Não tenho tema. Não tenho personagens. Tenho apenas um papel em branco esperando. Ele é meu pior inimigo. Ele exige de mim mais do que qualquer pessoa já o fez. Ele espreme todo tipo de sentimento, até o inexistente. É sério. Ele brinca comigo o tempo todo.

Ele é mais do que um simples papel. Rá, já saíram tantas idéias geniais como também tanta ignorância que era melhor ele não existir.

Ele pode expressar uma verdade; uma mentira tão bem contada que passa a ser real; uma verdade mal contada que passa a ser surreal; uma alegria com desejo de ser compartilhada; uma tristeza com mais desejo ainda de ser compartilhada.

Você pode fazer o que quiser com o papel. Ele é seu. Sua caneta pode fazer seu leitor sentir desgosto por ler algo que não lhe convém, mas, ao mesmo tempo transforma sua mente para um universo de beleza. Aí você o ama, está apaixonado por cada linha descrita.

O escritor é o mais cínico dos seres humanos. Haha. Ele sabe que a qualquer hora pode. É, ele pode. E muito.

O que mais gosto é poder matar meus personagens; é dar vida à eles; fazê-los sentir a liberdade que não existe [ ? ]; extrair todo mal dentro de seu peito; fazer sentir-se sujo, podre, imundo, nojento, repugnante; ele, mas é claro, é a melhor pessoa do mundo... tão bonzinho: todos te amam, tá?

Ele, o escritor, brinca no papel. É seu jogo favorito."

O papel queima em minhas mãos: é um desejo indescritível.

E minha caneta continua rabiscando o impossível...

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 02/06/2012
Reeditado em 15/06/2013
Código do texto: T3701872
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