Crônica de uma professora aposentada.
É entristecedor para um professor de História perceber que a maioria das pessoas pensa que o mundo começou no ano em que nasceu. Li hoje na Folha de São Paulo o texto de Ruy Castro (Quinze anos) em que ele comenta o absurdo que é o fato de cidadãos da maior importância para o Brasil, mortos há quinze anos, já terem sido completamente esquecidos por pessoas que não têm esse direito – o de não saber. Pessoas que pela idade que tinham quando da morte não deveriam ser assim tão alienadas. Refere-se ao polêmico jornalista Paulo Francis, morto em 1997 e também a Henfil, morto em 1988. Diz Ruy que em 2003 ao ser entrevistado por um repórter de conceituada Revista Semanal, ao citar o cartunista percebeu que o entrevistador não tinha a menor ideia de quem tinha sido o irmão do Betinho.
Disse Andy Warhol que um dia todos teriam direito a quinze minutos de fama, mas essa fama instantânea tão rápida quanto veio, irá. Mas figuras marcantes que por sua atuação trouxeram mudanças para a sociedade não podem ser assim tão rapidamente esquecidas. Embora o único tempo real que existe é o que estamos vivendo, sabemos o quão o passado é importante para a compreensão de nossa própria vida, da vida da Humanidade. A única forma de interferir em nosso próprio destino passa pelo conhecimento do passado – é através dele que podemos projetar os nossos sonhos e ideais e realizá-los com eficácia.
Principalmente falando de política diz-se que o Brasil tem memória curta – elementos que já deveriam estar banidos da vida pública pelas suas atividades claramente perniciosas para a sociedade continuam dando as cartas e chocando pelo menos os que têm memória mais compridinha. Lembro aqui uma figura execrada por todos quando era Presidente, Fernando Collor, posto para correr pela pressão popular, agora Senador e Membro da CPI que investiga os crimes ligados ao caso Cachoeira. Seria risível se não fosse tão trágico.
Ainda hoje a disciplina que escolhi lecionar, História, é vítima do descaso dos alunos e até dos próprios e despreparados professores que continuam a tratá-la como uma Matéria para Decoreba e, portanto fazendo parte do segundo escalão das disciplinas escolares. Mas como culpar os professores se foi assim que eles (des) aprenderam?
Eu sempre fui uma boa aluna de História porque a aventura do homem sobre a Terra sempre me fascinou. Criei fama, sei lá por qual razão. Lamentavelmente não tive professores muito bons. Ainda me lembro de certas barbaridades que cometi em trabalhos escolares e sinto vergonha até hoje dos elogios que recebi: é que alguns professores nem se davam ao trabalho de ler os nossos trabalhos e porque viam um exercício limpo, longo e com letra bonita, iam logo tascando um dez, com louvor. Mas nem era disso que eu estava falando, lá vou eu, de novo, sei lá para onde.
Não sou mais professora, penso que nunca deixarei de ser educadora. Nem mesmo sei mais como se sugere trabalhar com a História, hoje. Mas aprendi, ensinando, que o melhor jeito de fazer o aluno se interessar pelo tema, é partindo da sua própria História. De fazê-lo se interessar pelo seu próprio lugar no Mundo. Levá-lo a ter consciência de que ele próprio é um agente da História. De que ele é muito importante, independente se vão lembrar-se dele ou não.
É entristecedor para um professor de História perceber que a maioria das pessoas pensa que o mundo começou no ano em que nasceu. Li hoje na Folha de São Paulo o texto de Ruy Castro (Quinze anos) em que ele comenta o absurdo que é o fato de cidadãos da maior importância para o Brasil, mortos há quinze anos, já terem sido completamente esquecidos por pessoas que não têm esse direito – o de não saber. Pessoas que pela idade que tinham quando da morte não deveriam ser assim tão alienadas. Refere-se ao polêmico jornalista Paulo Francis, morto em 1997 e também a Henfil, morto em 1988. Diz Ruy que em 2003 ao ser entrevistado por um repórter de conceituada Revista Semanal, ao citar o cartunista percebeu que o entrevistador não tinha a menor ideia de quem tinha sido o irmão do Betinho.
Disse Andy Warhol que um dia todos teriam direito a quinze minutos de fama, mas essa fama instantânea tão rápida quanto veio, irá. Mas figuras marcantes que por sua atuação trouxeram mudanças para a sociedade não podem ser assim tão rapidamente esquecidas. Embora o único tempo real que existe é o que estamos vivendo, sabemos o quão o passado é importante para a compreensão de nossa própria vida, da vida da Humanidade. A única forma de interferir em nosso próprio destino passa pelo conhecimento do passado – é através dele que podemos projetar os nossos sonhos e ideais e realizá-los com eficácia.
Principalmente falando de política diz-se que o Brasil tem memória curta – elementos que já deveriam estar banidos da vida pública pelas suas atividades claramente perniciosas para a sociedade continuam dando as cartas e chocando pelo menos os que têm memória mais compridinha. Lembro aqui uma figura execrada por todos quando era Presidente, Fernando Collor, posto para correr pela pressão popular, agora Senador e Membro da CPI que investiga os crimes ligados ao caso Cachoeira. Seria risível se não fosse tão trágico.
Ainda hoje a disciplina que escolhi lecionar, História, é vítima do descaso dos alunos e até dos próprios e despreparados professores que continuam a tratá-la como uma Matéria para Decoreba e, portanto fazendo parte do segundo escalão das disciplinas escolares. Mas como culpar os professores se foi assim que eles (des) aprenderam?
Eu sempre fui uma boa aluna de História porque a aventura do homem sobre a Terra sempre me fascinou. Criei fama, sei lá por qual razão. Lamentavelmente não tive professores muito bons. Ainda me lembro de certas barbaridades que cometi em trabalhos escolares e sinto vergonha até hoje dos elogios que recebi: é que alguns professores nem se davam ao trabalho de ler os nossos trabalhos e porque viam um exercício limpo, longo e com letra bonita, iam logo tascando um dez, com louvor. Mas nem era disso que eu estava falando, lá vou eu, de novo, sei lá para onde.
Não sou mais professora, penso que nunca deixarei de ser educadora. Nem mesmo sei mais como se sugere trabalhar com a História, hoje. Mas aprendi, ensinando, que o melhor jeito de fazer o aluno se interessar pelo tema, é partindo da sua própria História. De fazê-lo se interessar pelo seu próprio lugar no Mundo. Levá-lo a ter consciência de que ele próprio é um agente da História. De que ele é muito importante, independente se vão lembrar-se dele ou não.