Os nossos desejos eram iguais. O ultimo olhar!
E nada é definitivo, a nossa vida muda constantemente e nosso querer também. Hoje queremos uma coisa e no outro dia já mudamos não queremos mais, por vários motivos, mudamos completamente.
Eu por exemplo tiro isto de mim, e será que o bem-estar estava a cima de qualquer coisa?
Certa vez há muitos anos atrás uns 30 anos mais ou menos, indo visitar uma pessoa, lá deparei como uma cachorrinha que alimentava uma cria que não eram sua, fiquei admirada em saber porque ela fazia aquilo, quando o senhor me falou:
-Ela alimenta estes 4 cachorrinhos sem ter tido, por extinto de mãe , ela perdeu os dela, e a mãe deste cachorrinhos que ela esta alimentando morreu no parto e com carinho os alimenta.
E eu perguntei:
-O senhor esta vendendo estes cachorrinhos?
-Sim! Ele disse e eu falei:
-Eu vou querer comprar um!
E escolhi o mais bonitinho e foi tudo por impulso, sem pensar que aquele animal um dia iria crescer e ficar velho e iria dar muito trabalho para mim, mas naquele momento só me interessava era curtir aquele animalzinho tão pequenino que lhe dei o nome de “toquinho” por ser tão pequenino e ao chegar em casa com ele, meus filhos vibravam de felicidade, e a partir daquele momento ele passou a ter a nossa atenção como se fosse um filho caçula que veio para nos alegrar, e quase todos os lugares que eu ia, lá ia ele, quando o meu marido chegava do trabalho ele ia ao seu encontro abanando o seu rabinho, era só o meu esposo tirar o sapato ele já entrava dentro e ficava mordendo as cadarços do sapato, tudo era uma festa e a sua participação era importante para nós. Em alguns momentos tristes, lá estava ele para nos animar, eu própria muitas vezes quando não tinha alguém para conversar, chegava perto dele e dizia:
-Vem cá meu amigo, fica aqui pertinho de mim, vem me fazer companhia, hoje eu estou precisando de alguém que me escute.
E ali ficava me olhando, e entendia o que eu dizia, se chegava com o seu paninho, trazendo pela boca e colocava perto de mim, e está combinação era feita de cada um completar o outro como as estrelas no universo que se completam , e com o brilho nos olhos ele mostrava para mim que nos poderíamos sim, caminharmos lado a lado sem nos magoar, que poderíamos viver espiritualmente com os nossos pensamentos, na certeza que em nossos corações tinha um amor divino e me fazia crescer, como ser humano não de poder amar só os seres humanos mas sim amar os animais, muitas vezes eu olhava para ele e pensava “será que um dia você vai me deixar”, eu não vou permitir nunca viu! E lhe dava um beijo de carinho. Mas ao passar dos anos ele começou a querer ser o meu dono, se chegasse alguém em minha casa, ele não deixava eu cumprimentar a pessoa, ele avançava, tinha ciúmes de mim.
Quando eu ia dormir, ele tinha que dormir em baixo da minha cama, se eu fosse tira-lo avançava em mim, ali ficava até eu me levantar da cama e as suas atitudes começaram a me estressar e de toda a atenção que ele tinha em minha casa, ninguém mais queria saber dele, e começaram a ignorá-lo .
E os anos passaram, ele ficou velhinho e suas necessidades dele para comigo dobraram, e neste tempo eu fui morar em um apartamento, ali o espaço foi dividido por 4 adultos e 2 crianças, e este cachorrinho que já não era mais jovem, não controlava mais as suas necessidades, cada dia que passava o seu caminhar ia ficando mais lento e eu via que era o natural, eu tinha que me adaptar com está situação, se um dia eu o trouxe para junto de mim, eu teria de pensar que um dia ele iria envelhecer, e as alegrias que me trouxe não poderiam cair no esquecimento. E a cada dia que passava eu percebia, em seu olhar um pedido de socorro, como se me dissesse “não me deixe morrer” e eu retribuía com um carinho e passava as mãos em sua cabeça e dizia:
-Não, você vai ser eterno para mim, me desculpe se as vezes eu sou brava com você até não lhe dou muita atenção como você precisa, mas você vai ficar para sempre em meu coração.
E assim quando uma pessoa é amada ela não pode fazer nem um mal, a quem a ama, mas eu fiz e um dia eu tomaria uma das piores decisões de minha vida , e eu quis do meu jeito, sem saber se ele queria e disposta a dar um fim naquela situação de velo sofre e não tendo mais nada para te dizer, porque o sofrimento que o envolvia era muito grande, e eu vi que a solução seria esta, ele teve tosse forte, por várias que chegou a sair sangue de sua boca, mais meu esposo me disse:
-Eu vou leva-lo para sacrifica-lo, desta noite eu acho que ele não passa, o que você acha?
Ele perguntou, e a única palavra que eu consegui dizer foi:
-“Leva”
E da onde ele estava deitadinho, este meu amigo de muitos anos nossos olhares se cruzaram, como dizendo para mim:
-Um dia nós vamos nos encontrar na espiritualidade em um mundo inverso a este, e tudo se acabou. E este amor tão grande que eu sentia por este animal não poderia acabar assim, e a esperança de um dia poder encontra-lo outro vez, me faz aliviar a dor e me faz pensar, que “ o homem e o animal são iguais”, no sentimento ocupam o seu espaço neste universo, e irão brilhar para sempre no infinito e tudo que foi colocado neste mundo por este Deus maravilhoso se torna importante. E esse Deus do universo me concedeu este ser, este animal irracional, e me fez desfrutar do seu amor em vários momentos da minha vida, e a maioria das pessoas pensam que o coração de um animal não tem sentimento, tem sim! Ele vai ter sempre um cantinho reservado para o seu dono, muitos podem não concordarem como o que eu fiz, podem até questionarem.
Eu também ainda hoje eu me pergunto ,”porque eu deixei sacrifica-lo se eu o amava tanto?”
E de se fazer de amiga, terminei sendo sua inimiga, o entregando nos braços da morte, mas creio que apenas um olhar “toquinho” você entendeu o que era melhor para nos dois.