FOI-SE  O  "NEGÃO"
 
Cansado de tanto trabalhar para o dono e amigo, Negão, o velho serviçal, engasgou e seu cérebro se negou a transmitir as mensagens que lhe eram passadas, impedindo, de forma terminal, que as suas demais funções atuassem com precisão.
Obrigado a afastar-se dos amigos, seu dono ficou completamente desnorteado e, mesmo penalizado com o estado do velho companheiro, foi obrigado a pensar em substituir o desgastado empregado por um jovem e robusto colaborador que o ajudasse a continuar seu trabalho.
Procura daqui, procura dali, e entre tantas entrevistas, avaliações sobre a capacidade de cada candidato, Gb pra lá, Gb pra cá, pretensões salariais, impressão visual (nada a ver com racismo, Deus me livre!) , consulta a outros pretendentes ou já empregadores de colaboradores do mesmo tipo, conseguimos encontrar o substituto do "Negão", aliás bem parecido com ele, mas com um ar mais moderno e resolvemos contratá-lo (não fica bem dizer "comprá-lo", pois, em se tratando de outro afro, certamente os Direitos Humanos vão aparecer e cravar os dentes na gente).Meu filho, condoído com a situação do velho pai, assumiu o ônus da substituição, o que trouxe mais alegria ainda a este pobre escriba.
E lá veio ele (o substituto), acompanhado de uma mocinha, de nome Impressora, sem custo adicional, que vamos, evidentemente, rebatizar, e já se encontram devidamente instalados em seu local de trabalho, aguardando, tão somente, a complementação de alguns detalhes burocráticos e de uma conversa que eles vão ter com o "Negão", que, mesmo combalido, terá que transmitir-lhes todas as informações tão ciosamente guardadas, bem como abrir-lhes o acesso a seus arquivos e sua ligação com o mundo exterior.
Após isso, então, poderão pegar no pesado, pois seu chefe, apesar de bonzinho e muito compreensivo, é exigente quanto à real aptidão de seus colaboradores e fica muito brabo quando dá uma ordem (que ele, chama, capciosamente, de "sugestão") e demora a ser atendido.
Aí, ele dá soco no ar, ameaça jogar todo mundo pela janela dentro da piscina lá embaixo, diz palavras que não podemos repetir, desliga a luz do escritório e vai embora, deixando os amáveis colaboradores zumbindo  sozinhos.  Afora isso, é um bom patrão.
E o coitado do " Negão "?, perguntarão logo as caridosas almas que ainda existem por aí.  Bem, o "Negão" não vai ser abandonado numa Casa de Repouso fajuta, não!  Isso seu amigo-patrão não faria de jeito nenhum; ele, nos moldes dos  cavalos puro-sangue, vai  - não para  reprodução , pois ele é híbrido - mas para um merecido descanso.  Será tratado para recuperar um pouco da sua potencialidade e passará a trabalhar na Serra, num regime menos severo, com uma carga horária extremamente menor. de forma a preservar sua saúde e mantê-lo ativo até não sabemos quando.
Assim é a vida, amigos, queiramos ou não!
Portanto, vamos dar boas-vindas ao novo par - Saci e Cuca e desejar ao amigo Negão muitos anos ainda de atividade produtiva.
Quem deve estar se sentindo muito bem é o sorridente patrão, pois, agora, tem sangue novo na frente de batalha e a experiência solene do velho sargentão lá na retaguarda.
Longa vida para os três!
paulo rego
Enviado por paulo rego em 01/06/2012
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