Ditadura, Modernidade e Galvão Bueno
Sou um anencéfalo funcional. Não consigo assistir Xuxa sem vomitar e lembrar o Pelé. Meu cérebro não ultrapassa a dimensão de uma ervilha. Nos dias de hoje mal sei o beabá. Vivo uma geração que não é minha. Não sou geração X nem Y, sou a geração Nada. Nasci no esquadrão errado, demorei demais na forma. Não consigo acompanhar a modernidade definida por Bauman. A modernidade pra mim é um suplício. Sou um moralista disfarçado, um chato convicto. Algumas coisas antigas me satisfazem mais, principalmente as que eu não vivi. Sou adepto a Tom Jobim e seu piano. Não consigo gostar de Michel Teló, apesar de toda sua poesia. O velho e bom Ferreira Gullar me satisfaz mais que Crepúsculos e seus vampiros modernos. Tenho medo de ipad, facebook e pittbus. Para mim, aluno não manda em professor. Jogador não manda em treinador e êxtase é rima de Cazuza. Vivo a minha ditadura. Assim como disse Garcia Marquez: “a ditadura nunca acaba”. Preciso de um exílio. Vou fugir do cabelo do Neymar e da narração do Galvão Bueno. Me vou antes que queiram de mim uma CPI.