OS DOIS LADOS DA MOEDA
O mundo moderno oferece tudo o que o homem precisa e quer a nível material. A tecnologia traz o mundo para dentro de nossas casas, oferece facilidades e nos dá uma variedade de oportunidades. Podemos afirmar, sem medo de errar, que os avanços científicos das últimas décadas praticamente nos transportaram de um passado amorfo para um presente em constante movimento. O salto para o futuro, tão esperado e imaginado pelas antigas gerações, foi dado. O homem vive, hoje, um presente tão completo materialmente que deveria, em tese, gozar da felicidade plena. Mas é exatamente o contrário que ocorre. Saturado de tantas facilidades, talvez com maior tempo para pensar, o ser humano parece que nunca se sentiu tão infeliz. Depressão, angústia, ansiedade se instalaram no íntimo das criaturas paralelamente ao progresso material. Enquanto as conquistas se processam, avolumam-se também os estados de insatisfação da alma. Nunca os consultórios médicos estiveram tão repletos, nunca os medicamentos paliativos foram tão difundidos.
Será que o ter é inversamente proporcional ao ser? Ou o não ter, por impossibilidade financeira, é que causa desilusão e desesperança? Será que o homem, ofuscado pelos prazeres que a tecnologia proporciona, esquece que tem vida interior? O ideal, creio, seria levar os dois planos paralelos. Corpo e alma podem coexistir pacificamente. Mas, para isso, é necessário ter a perspicácia de saber a dosagem certa. Sorver o material com moderação, como um remédio em conta-gotas e buscar os valores do espírito sem fanatismo, mas como um caminho seguro e fiel. São os dois lados da moeda que se completam...
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@ Indico os belos poemas da querida amiga Ariadne Cavalcanti.