"O VAMPIRO DE CURITIBA"
Certamente ignora o autor que o título da sua mais conhecida obra a ele também serviu. Como epíteto. Alheio a tudo além da opcional reclusão que o acolhe em anônima intimidade, o escritor Dalton Trevisan fez do próprio lar a clausura para o silencioso, distante e discreto retiro literário. Não dá entrevista, dele ninguém conhece do domicílio o endereço. Nem mesmo os Correios. Toda a correspondência do excêntrico contista é feita via fax, numa livraria que frequenta há mais de trinta anos. Dalton Trevisan sistematicamente recusa qualquer tipo de exposição. É um grande escritor, para quem a forte transparência da palavra escrita basta-lhe como única e suficiente forma de comunicação.
Se raros conhecem o homem, poucos conhecem-lhe a obra. E vale lembrar um truísmo: se não todos, pelo menos alguns valores que compõem a vida e a cultura brasileiras sabem, unicamente por via da prosa de ficção em que o gênero conto se distingue, que Dalton Trevisan figura entre os de máxima expressão. Li-o a primeira vez numa aula em que o poeta e professor José Geraldo analisava o estilo individual do contista.
O célebre escritor Machado de Assis, cujos contos o distinguem com a mesma excelência dos romances, também não era afeito a exposição pessoal. O que o contrasta com Dalton é o não radicalismo, que o permitiu fazer-se conhecer na vida, perpetuando-se na arte. Dalton, o “vampiro” entre paredes, só permite a própria obra chegar à Academia. Machado não só a quis, como dela se fez fundador. No mais, era um casmurro, que só nas letras ria e fazia os leitores sorrir, dele e da vida; quando não, a ironizar-lhes as misérias. Drummond foi outra “celebridade” a quem a publicidade teve pouco acesso. Recusou a imortalidade acadêmica para eternizar-se noutro “vasto mundo”.
Assim são vários, porque verdadeiros são. E se não fosse o programa Globo Leitura apresentado pela Globo News, nem o próprio Dalton Trevisan saberia que, mais que um apelido, ganhara também, aos 87 anos, o Prêmio Camões 2012.
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A imagem acima foi tudo que os repórteres conseguiram na tentativa de entrevistar o contista que, ao vê-los na porta da residência dele, afastou-se e recolheu-se à clausura.
Certamente ignora o autor que o título da sua mais conhecida obra a ele também serviu. Como epíteto. Alheio a tudo além da opcional reclusão que o acolhe em anônima intimidade, o escritor Dalton Trevisan fez do próprio lar a clausura para o silencioso, distante e discreto retiro literário. Não dá entrevista, dele ninguém conhece do domicílio o endereço. Nem mesmo os Correios. Toda a correspondência do excêntrico contista é feita via fax, numa livraria que frequenta há mais de trinta anos. Dalton Trevisan sistematicamente recusa qualquer tipo de exposição. É um grande escritor, para quem a forte transparência da palavra escrita basta-lhe como única e suficiente forma de comunicação.
Se raros conhecem o homem, poucos conhecem-lhe a obra. E vale lembrar um truísmo: se não todos, pelo menos alguns valores que compõem a vida e a cultura brasileiras sabem, unicamente por via da prosa de ficção em que o gênero conto se distingue, que Dalton Trevisan figura entre os de máxima expressão. Li-o a primeira vez numa aula em que o poeta e professor José Geraldo analisava o estilo individual do contista.
O célebre escritor Machado de Assis, cujos contos o distinguem com a mesma excelência dos romances, também não era afeito a exposição pessoal. O que o contrasta com Dalton é o não radicalismo, que o permitiu fazer-se conhecer na vida, perpetuando-se na arte. Dalton, o “vampiro” entre paredes, só permite a própria obra chegar à Academia. Machado não só a quis, como dela se fez fundador. No mais, era um casmurro, que só nas letras ria e fazia os leitores sorrir, dele e da vida; quando não, a ironizar-lhes as misérias. Drummond foi outra “celebridade” a quem a publicidade teve pouco acesso. Recusou a imortalidade acadêmica para eternizar-se noutro “vasto mundo”.
Assim são vários, porque verdadeiros são. E se não fosse o programa Globo Leitura apresentado pela Globo News, nem o próprio Dalton Trevisan saberia que, mais que um apelido, ganhara também, aos 87 anos, o Prêmio Camões 2012.
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A imagem acima foi tudo que os repórteres conseguiram na tentativa de entrevistar o contista que, ao vê-los na porta da residência dele, afastou-se e recolheu-se à clausura.