Minha “Pretinha”
Era assim que ele me chamava, meu lusitano preferido. Ele era português de Trás-os-Montes, mas especificamente de Carradeza de Ansiães. Como eu o amava. Outro dia eu falei dele para um amigo e me veio lágrima aos olhos, mesmo assim não parei de sorrir, eu o fazia sorrir sempre, nas noites em que ficávamos juntinhos, olhando as estrelas, tomando chá, ou simplesmente conversando. Passávamos muito tempo assim, parceiros, cúmplices e amigos, muito amigos, nosso amor vinha de muito longe e para sempre vai ficar vivo dentro de mim. Meu pai, que não foi nenhum herói, meu pai que foi um José qualquer, meu pai que foi um homem simples e ao mesmo tempo tão diferentemente refinado a sua maneira, meu pai que não foi nenhum exemplo, como muitos pais, mas que sempre foi exatamente o que esta palavra significa: “Meu Pai.” Muitas vezes endeusamos nossos pais os chamando de heróis, não é o meu caso. Ele foi simplesmente um homem com defeitos e acertos, com baixos e altos, com vícios. Outro dia lembrei de uma lição dele que nunca esqueci, ele dizia sempre: “Filha não tenha vergonha de se expor, diga o que pensa e se preciso for peça ajuda, o máximo que você pode ouvir é um “não”, agradeça e não desista, continue seu caminho e não tenha vergonha de nada, então vá lá e faça.” Meu espírito cigano foi dele que herdei, minha pátria é aonde eu estiver, minha bandeira será sempre o amor, meu lugar é aonde for preciso. Meu pai, não foi um herói como muitos, mas foi um homem comum que me ajudou a ser melhor, que me amou até o fim e que me chamava de “Pretrinha” como ninguém.
Este texto é pra você Pai, pra você José Augusto Carvalho.