O império da educação
... Samuel Wainer saía do catete com malas cheias de dinheiro vivo para fazer jornal e apoiar Vargas. Hoje temos na imprensa uma história em julgamento baseado nos preceitos de intervenção e influência na esfera do poder. Como o jogo do bicho terá oportunidade de se ver representado como algo do povo sem tais influências? O jogo do bicho é pernicioso? Não joga quem quer? Vamos nos iludir de que o caixa dois deixará de existir nas próximas eleições? Vamos crer que o poder não se alimenta do capital? Vamos crer que o Brasil será um país limpo graças a Polícia Federal? Estamos longe de crer na educação como algo essencialmente importante e superior a ideia de fabricação constante de leis.
O problema da grande imprensa é superior no que tange ao mercado da influência no jogo da representatividade política. A imprensa vende o show da desgraça humana e se refocila lucrativamente nessas conveniências. Condena antes do juízo. A imprensa julga deter a razão plena, semelhante à ideia do “homem puro” solicitando aos demais que curem os erros através do seu espelho mágico. Viva o cartum que a imprensa desprezou potencialmente nas últimas décadas! A imprensa marrom sim, delimitou breve e heróico espaço na história democrática deste país. A imprensa marrom atendeu as diferenças, contrariando o grande bloco monolítico da suprema imprensa bem patrocinada. Era tribuna livre e aberta para quem não possuía espaço de defesa contra a maioria avassaladora.
A cidadania plena não passa pela jogatina informativa moldada pelos interesses de grupo. Só a internet atualmente tem possibilitado a versão comum dos fatos como verdadeira voz popular, mas já está partindo para o terreno da legislação como regra redentora, ferindo o ambiente de plenitude democrática. Apoiada pela grande imprensa que é hoje máquina de triturar valores e condicionar juízos.
No futuro o Partido Educacional Brasileiro, utópico ainda, terá consciência de que é preciso transformar á subdesenvolvida ideia de um império das leis pela necessidade de um império da educação. Libertando a consciência da “padronização da verdade” para melhor construir a realidade. Hoje a vida vale menos do que o valor material. A vida não está sendo defendida, a vida tornou-se apenas escrava dos bens e do poder econômico.
Hoje estamos interessados em acreditar que devemos seguir a “constitucionalidade fria”, de “textualidade literária” como caminho da civilidade, porque no passado histórico a Carta Constitucional fez do norte americano um porto seguro para o desenvolvimento. Portanto com atraso de alguns séculos estamos inundando nossas vidas de leis na condição de subdesenvolvidos, operando com elas a divisão entre povo e poder. Temos a lei, todavia perdemos a alma da lei que reside na formação educacional. Só a educação pode recuperar o equilíbrio entre essas esferas hoje absolutamente desiguais. Uma avançada e outra em completo declínio.
A ideia da educação está perdida dentro do cenário informativo que mantém a mediação entre dois mundos inquietos: a lei e o povo. O universo informativo aprontado para ser consumido sem a menor reflexão na condição de espetáculo maniqueísta de fundo tecnológico. A civilidade nasce da leitura cuidadosa, jamais da rapidez condensada dos fatos para o espetáculo trivial.
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