TWITTER


Esse treco não é aquele tipo de auto-falante que realça os sons agudos ?
 
Nossa, que sensação maravilhosa, de hoje em diante sou outra pessoa, sinto brotar dentro de mim um ser mais eletrônio, mais digital, mais virtual,  estou tendo quase um um “e-orgasmo”.  Inscrevi-me no twitter, que maravilha agora eu realmente existo e posso (como é mesmo?) twittar.
Passei por todas as cansativas etapas e escrevi até uma frase, ou seja, publiquei um tweets.
Agora só preciso seguir alguém, mas seguir quem?  Eu sugiro que mudem de seguir para “perseguir” alguém. Seria mais interessante perseguir, afinal, tem muita gente que precisa ser perseguida, vigiada, investigada, punida, julgada, presa, exterminada, reduzida a pó não solúvel em nada.
 
Puts até pra escrever isso é ruim, cada hora sai de um jeito: twit, twiter, tuitter, twiteer. Podia ser apenas “Oía” ou “Oi”, ou Olá, seria mais fácil, pois não seria necessário twittar e sim Oiar, por exemplo. Oia isso, oia aquilo.
 
Que mundo mais abestalhado esse virtual, mas como dizem, tem que estar plugado, ligado, antenado. Há quem fique até dopado de tanta virtualidade.  Temos quase obrigação de ter um MSN, um e-mail, um twitter, um blog, um site, um facebook, um linkedin. Sem falar que temos que conhecer os e-qualquer coisa que estão até nos sites oficiais.
www ponto isso ou aquilo, ponto com, ponto ind, ponto srv, ponto mais uma infiidade de seguimentos. Com ou sem br.  Browser, mecanismo de busca. Quanta coisa, e vão criar muito mais.
 
Da até medo de imaginar, ou ao menos tentar.
 
Estou sozinho numa sala vazia, mas vejo uma tomada de energia elétrica num canto e um cabo de rede no outro ou mesmo a tal de wireless, sim essa coisa de transmissão sem fio, alias por falar em “sem fio”, nossa quase tudo se transmite pelo ar. Estamos respirando bits, bytes, imagens, informações, ondas de todo tipo, o ar não é mais o mesmo, agora é o e-ar.
 
Voltando a sala vazia: Dois pontos de conexão e pronto, estou plugado no mundo, tendo acesso a tudo. Fisicamente estou sozinho numa sala vazia, mas se tenho um, puts, ai vem: lap-top, tink-pad, notebook, iphone, ipad, celular, dentre qualquer outra parafernália, pronto, estou plugado no mundo. Sou um pobre e isolado ser físico num cômodo físico, mas posso navegar no mundo virtual, num mar de possibilidades que encurtam a vida na perda de tempo cibernética. Mas não da mais para viver sem, criamos mais uma dependência além da química, psíquica, etc, criamos a dependência virtual.
 
Que saudade da falta de energia e da carta escrita, do namorico escondido. Que mundo cheio de cor, mas ao mesmo tempo sem graça.  Os dedos falam mais que a boca. O avatar toma o nosso lugar e faz coisas que nem sempre faríamos no mundo físico.
 
Pode faltar energia, pode faltar água, quero ver quando faltar conexão. Gente que não morria por falta de energia ou água, em breve poderá morrer por falta de conexão, dada a dependência crescente e irreversível do mundo virtual.
Nosso mundo real esta ficando pra trás. 
 
Já tem gente criando seus mundos virtuais, se emocionando virtualmente, fazendo negócios virtuais, já temos até o adultério virtual.  Tem gente comendo ou sendo comida por imagens. Logo teremos pensão virtual, para mulheres virtuais com filhos virtuais.
 
Ih, caiu a conexão, e agora?
 
Sem conexão ! Tornei-me um morto virtual.  Não existo mais.
 
...e-adeus.