SAPATO APERTADO

Comprar um par de sapatos um número menor do que nossos pés, creio que todos nós já fizemos uma vez na vida. Pelo menos nós, mulheres. Ou porque queremos deixar o pé parecer menor, ou porque o modelo que gostamos não tem o nosso número. Na loja, dá-se dois ou três passinhos, anda prá lá e prá cá, olha no espelho, ficou lindo! E ao experimentar, parece mágica! Nunca dói! Lépidas e faceiras lá vamos nós com o embrulho e sonhando com a primeira oportunidade de estreá-los. Surge uma festa e o que fazemos? Sem mesmo amaciar a nova aquisição, enfiamos a belezura número 36 no nosso belo pé 37. No começo tudo bem. Festa no auge, danças, um desfilezinho para evidenciar nossa elegância e aí começam os problemas... O pé incha, o joanete dói, aquela costurinha do sapato pega no mindinho. Por baixo da mesa, disfarçadamente, descalçamos o dito cujo... alívio! Momentâneo, por sinal! Porque na hora de ir embora quem diz que o sapato entra no pé? Empurra daqui, um jeitinho dali, sorrindo para disfarçar e, finalmente, ele está no lugar novamente. Aí começa a via crucis! Levantar, dar os primeiros passos, a dor subindo dos pés à cabeça, atravessar o salão, dar adeus aos donos da festa com um sorriso meio torto, mas fazendo de tudo para não perder a pose. Porque não é mulher quem perde a elegância por causa de um sapato apertado. Pode doer a raiz dos cabelos, a unha da mão, o cotovelo... o sorriso congela na cara à custa de qualquer sacrifício!

E ao chegar em casa, com os pés de molho em água morna, a gente aproveita para imaginar mil maneiras de se ver livre dessa coisa ingrata. Com dor no coração! O que é muito melhor do que dor nos pés! Até o dia em que, passando por uma vitrine, nos apaixonamos por outro sapato apertado e tudo recomeça...

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@ Indico os belos poemas da minha querida Ione Rubra Rosa.

Giustina
Enviado por Giustina em 29/05/2012
Reeditado em 14/08/2014
Código do texto: T3694893
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