MENTIRAS

Fui despedaçada e mesmo depois desse tempo ainda não consegui me refazer. Sempre tive dificuldades em lidar com algumas questões e uma delas é a mentira. Desde pequetita que fui ensinada a não mentir e sempre achei que isso era coisa de criança, o que na verdade não deixa de ter certa razão. Quem engana, mesmo que tenha mais de 12 anos, continua sendo infantil, alguém que acrescentou anos à vida mas esqueceu de crescer. Ainda leva a vida na brincadeira e agir assim é a pior maneira de conviver e desrespeita o sentimento das pessoas à sua volta.

Enquanto faço uma pausa para pensar com mais clareza sobre o motivo de ainda não estar refeita descubro que a dor ainda é forte. E dói não apenas porque fui enganada friamente e por meu orgulho se ferir, mas dói porque o maior enganado dessa confusão foi meu coração. E esse não se regenra fácil. Será mais uma cicatriz, mas até chegar nesse estágio preciso cuidar e não deixar que toquem na ferida o tempo todo. Coração também chora, sabia?

Só sei que essa brincadeira deixa de ser de criança e passa a ser de seres crescidos em idade, que pouco ou nada se importam com seus afins. Ainda não sei se é apenas uma deficiência de caráter ou uma patologia mesmo, dessas que compõe a faceta de um psicopata quando ainda está em formação e que, mais tarde, pode virar um mercenário de sentimentos de pessoas que só querem amar. Chega para mim. Recomeço a me afogar, mas aprendo, na marra, a voltar à tona e salvar a mim mesma, mas dessa vez sei exatamente qual foi a gota que adentrou em meus pulmões e me deixou inconsciente. Então, chega. Chega de crianças e seus acessórios cruéis. Chega de palhaços no meu palco. As cortinas só se abrirão agora para shows particulares e com artistas que conseguem rir ou chorar comigo e com a própria performance que fazem em mim.