Quem ri por último, ou o carrinho de circo explodindo pela cidade
Sou uma pessoa bem intencionada, crédula até..., mas pragmática. Não tenho culpa se as pessoas não estão preparadas.
Volta e meia estou sempre tentando ser uma daquelas que não ficam só no discurso, mas põe a mão na massa e abraça uma causa social. Ah !!mas o sistema engessa. Numa destas tentativas, até eu estava precisando de uma causa social, uma ONG que me protegesse. Estava a pé e trabalhando em um serviço público, que como tantos, era erroneamente visto como um postinho. De onde tiraram a ideia que serviço público pode não estar necessariamente associado a compromisso¿ Bem sobre isso agente conversa depois.
Pois bem estava eu sem carro, mas compenetrada da responsabilidade por aqueles que me aguardavam e consegui que um amigo me emprestasse seu velho carrinho. Devo deixar bem claro aqui que este “carrinho” mesmo sem lenço nem documentos, estava servindo com bastante bravura, me levando de encontro ao vento, nos 4 cantos do mundo pelas ladeiras e avenidas de vale da capital baiana, sob um sol de quase dezembro, daqueles de rachar, acompanhada de minha querida Tetê, filha, amiga, fifi (para os que não sabem: pessoa com a qual fofocamos), mãe, comadre e por ai vai. Lá íamos nós por que não¿ Carrinho sem ar condicionado,felizes e satisfeitas, como toda quarta-feira. Por que não¿
Surpresa!!!!!! Ao chegar numa avenida movimentada, em que o sol se reparte em Espaçonaves, guerrilhas, não sei como alguém pensa em casamento, eu tomo a coca cola.
O que me acontece?
Em meio a dentes, pernas, bandeiras, Bomba e Brigitte Bardot... o carrinho explode. Literalmente explode. Fumaça prá todo lado, estouro e, Tetê branca igual as areias do Abaeté, abre e fecha a porta sem saber se sai ou fica, enquanto eu já acostumada #comcoisasquesóacontecemcomigo, nem me abalei.
Só queria rir, mas tinha um probleminha, quem ia nos acudir? Logicamente era o #coitadinhodomeumarido que com lenço e documento, estava no seu carrão de ar condicionado, cheio de vidros pretos para não entrar o sol de quase dezembro .
Eu que não ia dar ousadia de estar rindo quando ele chegasse, Os olhos cheios de cores, o peito cheio de amores, fechei minha cara e minha linda boquinha para ele saber que eu não estava nada satisfeita com esta situação.
E lá se foi meu dia, os meninos do postinho foram remarcados, e não adiantava o refrão eu vou, eu vou. Voltei para casa, nada no bolso ou nas mãos, sem carro, mas com telefone, não consegui fazer mais nada, eu vou, eu vou para casa, feito os anõezinhos da branca de neve , mas vou.
Ai Tetê resolve ir ao mercado andando, não quis nem carona (estranho). Ficou em choque, penso eu com meus botões, tudo bem, uma canção me consola eu vou, eu vou para casa com o #coitadinhodomeumarido no seu carrão e resolvi fazer coisas que não fazia a muito tempo, #arrumarguarda-roupa, e dissipar energia.
Esqueci do tempo. As 14:00h me dou conta que por entre troços e roupas, sem Tetê, sem almoço,estou com fome e cadê Tetê? Parecia Jorge Ben: Cadê Tetê, nada, ligo, não atende, de novo, nada...
Tem alguma coisa no ar. Ela chega uns 40 min depois e sem explicações, encerra o papo - Foi para o mercado e fim. Quem acredita? Eu é que não, tem história ai.
E só alguns dias depois na companhia amiga de Kau e da inseparável Tetê, já recuperada do susto, demos boas risadas, de chorar, como se diz. Mas dar ousadia ao #coitadinhodomeumarido nem pensar. Do episódio saí com um carrão novinho, de ar condicionado, hidráulico e com vidros fumê para não entrar sol, cheio de botões e.. até fala.
Eu que tivesse dado risada, até agora estava sem nada no bolso ou nas mãos com o carrinho de circo explodindo pela cidade.
Eu quero seguir vivendo, amor, o sol e tão bonito
Eu vou...Por que não, por que não...