Descriminalização da internet

O Senado receberá das mãos do Supremo Tribunal Federal o pedido para descriminalização das drogas. Sem grande alarde haverá um avanço considerável na humanização da questão tratada pelos meios de comunicação de modo cínico e cruel. Até então trataram (e ainda há resíduos disso) o tema justificando a necessidade de verdadeira “guerra contra as drogas”. Este combate na prática redundou em luta armada dentro da realidade em que os drogados existencialmente estão envolvidos. Neste período em momento algum diferenciaram o foco de ataque, muito pelo contrário. Ocorreu então a “intimidação vexatória” contra a cidadania dos usuários, ou seja, drogados. Até hoje os exemplos em destaque continuam envoltos na fixação da droga sobre a ação sem a realidade que envolve o doente e a doença. A informação tem poder de privilégio focalizando o “indigente drogado” ou ainda o “zumbi favelado” sempre cooptado pelas organizações criminosas. Em nenhum momento houve qualquer sinal da necessidade de conforto humano diante da miséria atroz desses cidadãos humilhados. Degradados mais uma vez pelo espelho da comunicação moralista. Não é a droga que traz a miséria nas classes desfavorecidas, antes é a miséria que muitas vezes leva as drogas. Em todos os casos esses pedidos de socorro nunca foram atenuados pela anestesia da comunicação como um reforço para suportar o mundo em que vivemos.

A droga muitas vezes é uma espécie de “piedade química” facultada pelo desejo de possuir no território do corpo a percepção de bem-estar. Mas os meios de comunicação integrados aos fatores de combate á inibição da especulação financeira nesse processo, empregou a realidade como infestação passiva de cura, através do aparato policial armado. Tal oposição gerou uma espécie de mentalidade semelhante ao massacre Sírio da população usuária. (Governante que mata seu povo ao contrário de renunciar). Jovens e adultos encarcerados cruelmente e até mortos pela simples ligação com o consumo de substancias “ilícitas”. Tal estreitamento gerou o emprego da crueldade de ambas as partes interessadas nos imensos lucros, ainda mais quando boa parcela dos envolvidos jamais teriam outra oportunidade real no meio miserável onde estabeleceram suas vidas. Mas este fator social foi sempre ocultado das ações bélicas patrocinadas pela imprensa em geral até o impacto de reação onde a força realmente precisava ser empregada. A imprensa ficou ao lado da visão ingênua. Para ela é inconcebível um drogado eficiente, adulto, educado até mesmo. Esse é o burguês que desfruta de exóticos prazeres dentro do status quo das liberdades individuais, distante demais do usuário indigente.

Portanto a grosseira generalização nunca foi enfoque da mídia porque dentro dela temos exposto o problema moral dos meios de comunicação. O fundo unilateral desse gigantismo de prestígio. Os drogados nunca foram ouvidos como detentores de razões defensáveis. Pura e simples satisfação de seus desejos, mesmo custando à saúde. A guerra contra as drogas teria que avançar também pelo uso do cigarro industrializado, das bebidas de balcão, e se fosse à época do rapé também recairia sobre tal a inquisição moral.

Este processo de polarização da estupidez humana enquanto verdade exclusiva mudará de enfoque mal seja aprovada a descriminalização das drogas. Mal dê início e a classe política se sentir debilitada pelas opiniões de livre expressão da internet ocorrerá um fenômeno semelhante a guerra contra as drogas. Os erros serão consumidos como espetáculo em nome de uma natureza presunçosamente livre de máculas. (tentem imaginar quantas horas de noticiários sobre drogas e drogados foram consumidas nesta década em detrimento de esquecimentos como o desemprego e a miséria propriamente dita).

Os meios de comunicação de massa são esteios para estrutura da nova tecnologia dominante e através do recurso burocrático da lei terá grande liberdade para expedir regulamentos que formarão a nova melancólica realidade da força elitista sobre a razão. Em ambos os casos tais problemas ocultam os vícios de origem da grande incompetência da política social para melhorias. Pincela de sombras o uso indevido da multimilionária arrecadação de impostos, oculta a corrupção em escalas indesejáveis, além de outros segmentos que impedem uma sociedade justa e igualitária. São apoteoses das fugas. Fenômeno útil da comunicação segmentada para render um falso consumo de amplitude sobre constantes problemas da nação em desenvolvimento. Se não pensarmos com antecipação na “descriminalização da internet” em pouco tempo vamos perder décadas de informação comprometida com a majoritária delinquência virtual. Como inexiste independente químico inexistirá quem não tenha cometido algum delito de máquina no mundo mal formado na origem da internet onde na prática todo usuário é antes cobaia do sistema, bobo útil para rastreamento do que um ser livre a expressar seus pensamentos...

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A internet possui milhões de vírus, assim como as drogas não precisam de leis. A educação é mais importante que a lei.

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Não é o fato em si, mas sim a ordem dos fatos que formam o bulingue das situações em que os meios de comunicação desconhecem critério opositivo.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 28/05/2012
Reeditado em 30/05/2012
Código do texto: T3693277
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