Mania de Grandeza

Acho que uma das coisas mais ridículas que uma pessoa pode ter é mania de grandeza. E a coisa fica ainda pior, quando se trata de um pé rapado metido a besta. Esses dias, ao sair para o almoço - onde eu trabalho, e olha que trabalho na muvuca, perto da maior balburdia do Brasil, que é a 25 de março. Estava eu, no elevador, na minha, com muita fome - Um camarada me entra - todo engravatado e ensacadinho ( não tenho nada contra os engravatados, mas eu prefiro os homens de All Stars). E começa a falar, com o outro almofadinha: - Eu vou sacar um cheque de vinte mil reais. -Por si só é absurdo, você falar que sacaria esse valor no banco perto de uma estranha que no caso, era eu. Eu não aparento, mas se eu fosse uma ladra? eu podia até ser uma Psy - logo pensei, que camarada mais estúpido e babaca! - Vamos prosseguir no papo do almofadinha A, pois o que só escutava era o B - Eu vou comprar um apartamento duplex no Morumbi com uma cobertura e piscina. O almofadinha B, olhava para mim de soslaio constrangido e não sabendo mais disfarçar seu descontentamento com o rumo da conversa. Enquanto o amigo só contava vantagem.

Minha manhã tinha sido um porre, estava a ruminar um chiclete de tão gasto - meu estômago gritava e ainda me encontrava presa no elevador com a dupla de almofadinhas. Continuando na estória, fui obrigada a ouvir do almofadinha A, suas futuras viagens internacionais - em seu iate de elite - Que iria beber seu Johnnie Walker em plena brisa das Ilhas Gregas. - Que passaria em Las Vesgas para grandes apostas, o que eu pude entender, é que o cara era tão filha da puta que apostaria até a mãe, se pudesse. - Que compraria sua Rolls Royce e de quebra - estava investindo em um Haras de cavalos puro sangue.

-Lógico, que eu, disfarçava minha ira de pegar meu livro e dar na cabeça daquele otário. Era óbvio que ele não ganhava para tanto e era ridículo a capacidade que tinha de subestimar minha inteligência.

Graças a Deus, o elevador andou e eu estava livre daquela conversa enfadonha, medíocre e fútil, o que me surpreende, vindo de um camarada que aparenta ser todo "boa pinta" e educado, mas como diz: - As aparências enganam. O bicho era mais falso que nota de 3 reais. Claro, eu sou atrevida e olhei de cima abaixo para o "ricaço" em questão, os sapatos estavam velhos, sem brilho e eu apostaria minha cabeça que eram furados!! - O terno estava tão desgastado que não se sabia se era marrom ou verde, a gravata era de um tremendo mau gosto, a cor era preta amarronzada e a camisa branca era amarelada - eu logo saquei que aquilo não era resultado de lavar a roupa com um sabão em pó Tabajara, mas sim, que o almofadinha era um farsante e sobretudo carente de atenção e totalmente ridículo por sinal.

Ele percebeu que eu o examinava pelo meu olho clínico, e quando olhei para seus olhos, não tive como conter meu risinho irônico e malicioso. Ele ainda olhou para o almofadinha B e depois para mim e em seu ultimo golpe soltou a pérola final: Estou pegando uma loira gostosa! - Eu pensei, comigo : Deve ser o traveco da esquina.

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 28/05/2012
Reeditado em 28/05/2012
Código do texto: T3692740
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