Estória de Marjorie

Eu sou simples, estranha e curiosa. Eu observo as pessoas, as situações e o mundo. Em minhas andanças por aí já presenciei muitas coisas - vi casamentos, nascimentos de bebês, separações, reconciliação, mortes, alegrias, tristezas - De tudo um pouco.

Por isso vou contar a história de uma amiga muito querida - que pode servir de inspiração ou lição a todos. Seu nome é Marjorie. Eu a conheci ainda criança, éramos grandes amigas. Dividíamos confidências e compartilhamos alegrias. Aos 14 anos ela apaixonou-se por um vizinho. Ela jurava que aquele era o amor de sua vida!! e nós dizíamos - Calma, Marjorie, você é uma menina, tem muito a aprender e irá conhecer outros rapazes e quem sabe, mais para frente, encontrará aquele que será o Amor de sua Vida! Mas Marjorie era teimosa e tinha um queda para a depressão e o isolamento. Com muito romantismo, lágrimas e melancolia cultivou aquele Amor não correspondido até os seus 17 anos!! Quanto tempo...era um tempo que não voltava. Infelizmente ela deixou de conhecer vários rapazes legais e que gostavam dela. Na janela que se abria, tinha um imenso jardim esperando por ela, mas apegou-se a uma flor murcha e podre - é, era Apego e não Amor. No fundo ela gostava de todas aquelas "patifarias" românticas e depressivas.

Aos 17 anos - quando já esqueceu o "tal amado vizinho" sentiu-se vazia. Não gostava de ninguém. E assim, cultivando agora um amor imaginário - esperava por aquele que seria o Amor de sua vida. Aos 21 anos - 4 anos se passaram - conheceu um rapaz perfeito de rosto e de corpo - parecia um Deus que estava de férias do Olimpo e veio conhecer a Terra. Apaixonou-se!!! Porém, sem conhecê-lo, entregou seu coração e sua alma. Resultado? uma decepção que a quase matou. Depois de muitas noites e dias chorando - fazendo promessa para Santa Rita de Cássia, Santo Expedito, Santo Antônio, Santa Terezinha das Rosas, ele não voltou para os seus braços e ela por fim, deu-se por vencida. Várias vezes eu fui buscar Marjorie em sua casa. Tá certo, confesso que não fui uma boa amiga - porque nós duas saímos para encher a cara no boteco - bebendo literalmente todas; desde de Ypioca até vinho. Estando mais para lá do que para cá - eu a levava para a minha casa - mal conseguíamos chegar até o quarto de tão bêbadas. Dizem que Psicólogo de pobre é a cachaça. Eu e a Marjorie comprovamos isso. Depois de tanto beber no boteco e a grana ficar curta. Nós chegamos uma conclusão que iríamos comer agora!! e como comemos!! Agora toda sexta batíamos cartão na pizzaria. Bem, sei que seis meses passaram e a minha cara amiga já estava melhor. Mas vira e mexe ela vinha com aquela ladainha - Onde eu errei Michele? - Eu simplesmente dizia - Isso acontece nas melhores famílias. - Não era uma resposta justa e nem inteligente, mas eu não queria magoá-la dizendo que atraímos o que pensamos, pois aqueles insucessos no Amor era reflexo de sua própria carência.

Depois de 2 anos minha cara amiga, mais madura e não esperando por ninguém - Isso era por si só um milagre!! conheceu um rapaz, que ela não ficou afim, mas ele era afim dela. Resumindo conversa vai, convesa vem. Ela se ligou que o cara era digamos; firmeza e tinha muitas qualidades. Dessa vez, ela não levou em consideração a aparência física e nem as suas exigências que eram, sobretudo enormes. Eu só posso dizer, que aquele rapaz tinha algo de meigo, doce e uma ternura quase infantil. Era diferente de todos que tinha conhecido. Ela resolveu tentar, tentar de verdade. Já faz 8 anos que eles estão juntos e se casaram. Eu nem acreditei, mas um dia a Marjorie me disse : -Sabe, estamos sempre procurando o homem perfeito e ao fazer isso nos iludimos. Levamos mais em conta a aparência física do que a interior e ás vezes nossa carência nos cega a tal ponto que entrarmos em uma furada que só constatamos depois. Criamos fantasias sem saber que as mesmas são criação da nossa própria falta de auto estima e amor próprio.

-Minha cara amiga, Michele, nunca imaginei que aquele rapaz tímido seria o meu noivo e meu marido, mas te garanto - Não o trocaria por nenhum outro e agora sei que o Amor é pé no chão e é um barquinho em águas tranquilas. Amor não tem nada a ver com todas aquelas fantasias que eu tinha. Enfim, minha amiga, eu só soube o que é Amar quando parei de fantasiar!!

Claro, gente, eu fui a madrinha - mas não foi dessa vez que eu peguei o buquê!!!

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 28/05/2012
Reeditado em 28/05/2012
Código do texto: T3692681
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