50 ANOS DE "O PAGADOR DE PROMESSAS"
Fui testemunha de parte das filmagens de “O Pagador de Promessas”, filme dirigido pelo ator e diretor Anselmo Duarte, em 1962 e que ganharia “A Palma de Ouro” no Festival de Cannes, na França. Pela primeira vez um filme nacional arrebataria a Palma de Ouro no principal festival de cinema da época.
Nos meus 21 anos de idade, assisti parte das filmagens de cenas fortes do filme que levou Anselmo Duarte, então ator da Atlântida Filmes, a trazer a primeira Palma de Ouro para o cinema brasileiro. Ficava horas a fio assistindo tais filmagens e logo que o filme veio a ser exibido, tive o prazer de assisti-lo por umas três vezes.
Baseado na obra teatral do mesmo nome do baiano Dias Gomes, o filme conta a saga do sertanejo, Zé do burro, que fez uma promessa no candomblé para curar seu jumento e veio do interior, carregando uma pesada cruz, acompanhado por sua esposa Rosa. Não vou contar o enredo do filme para não tirar o gosto do leitor. Trata-se de um clássico que honra o cinema nacional e deve ser exibido este ano para fazer valer a comemoração dos cinqüenta anos da inédita conquista. Ou não? De repente, os invejosos de plantão podem colocar barreiras para tais comemorações. Lembro-me que à época do lançamento do filme, o diretor Anselmo Duarte recebeu toda a sorte de impropérios dos cineastas da extrema esquerda que acharam que diretores comunistas é que teriam de ganhar tais prêmios. Inventaram que uma atriz francesa, namorada de Anselmo fazia parte do júri do festival e outras barbaridades, posteriormente desmentidas.
O Brasil tem complexo de vira-latas e tal doença acomete principalmente os incompetentes, os invejosos, aqueles que se juntam a formar ‘igrejinhas’ ridículas de auto-ajuda, onde só eles deverão existir. Este mal é uma praga que corrói o nosso país e é tão nociva quanto a corrupção, pois é uma forma de corrupção mais difícil de se combater. Ou o artista entra no esquema ou é marginalizado por toda a vida. Mas isso é outra história e, para não fugir ao exercício que faço de homenagear Anselmo Duarte, que merece busto em praça pública, mas não tem, porque nunca quis participar de ‘panelinhas’ ou de ‘igrejinhas’, deixo ppara outras oportunidades tais comentários mais gerais.
Caro leitor: se você tiver oportunidade de assistir, vale a pena ver \"O Pagador de Promessas\". Se não me engano, no Youtube tem este filme e você pode vê-lo de graça.