PAREI DE FUMAR HÁ MUITO, MAS... - No início da madrugada de 28 de maio de 2012
Parei de fumar há quase 14 anos, mas, mantive todos os cinzeiros em casa, para os meus amigos “politicamente incorretos”, em um mundo no qual o grande negócio é ter sempre os quilinhos de acordo com a altura, frequentar a academia pelo menos três vezes por semana, ler os livros de autoajuda com todas as receitas para se manter ou para se recuperar o estado de plenitude e de felicidade e, se isso não der os resultados esperados, recorrer a um antidepressivo, que sempre pode ajudar a gente a se manter razoavelmente vivo. Claro, sou ninguém para negar a eficácia de tais procedimentos e acho que todos têm o direito mais do que legítimo de recorrer a eles.
Confesso, baixinho, para que ninguém nos ouça: até os psiquiatras têm dificuldade para saber que sou neurótica até a medula dos ossos (ai, ai, “neurótico” é termo totalmente ultrapassado, sou bicho antigo mesmo) porque minha linguagem é tão articulada que doido nenhum (vejam, de neurótica a doida foi um pequeno passo nessa cronicazinha); como dizia, doido nem neurótico in extremis pode ser tão articulado assim.
De todo modo, o ato de manter todos os cinzeiros em casa, embora tendo parado de fumar há quase 14 anos, considero ato de lucidez, de grande lucidez. Parece que existe ainda alguma chance para mim.
Escrita no finalzinho do dia 27 de maio de 2012.