Meus Óculos
Meus Óculos
Meus óculos sobre a mesa olham-me, observam-me. O que será que quer de mim. Não sei.
Está fixo em mim. Se me movo ele me rastreia.
Estranho, muito esquisito, muito esquizo.
Será que quer? que fale, que pense algo. Que faça uma pergunta ou que exija respostas por telepatia.
Aonde quererá me transportar ou me transmutar.
Quer que eu retorne a vidas passadas. Quer me passar boas novas, que sugira segredos. Saber do futuro.
Que me perdoe, que eu perdoe. Que implore uma licença. Que diga obrigado.
Sarcástico este meus óculos. Ofusca, intimida, preocupa, sacaneia. Olhos com areia.
Parece enxergar muito além das lentes. Agora, por quê? Se lentes higienizadas.
Lentes de grau lêem mentes?
Ou decodificam cartas.Vêem partículas de energia como um feixe de luz? No fim do túnel!
Decifram mapa astral.
Curam doenças quaisquer?
Faz as palavras rezarem?
Estes meus óculos me perturbam.
ADomingos
Crônica de domingo