Bigode de arame!
Perguntaram-me se eu não fico aborrecida com crianças que tocam o interfone aqui de casa e saem correndo.
Respondi que não, e não penso que sejam só crianças que o fazem; há adulto infantilizado.
Lembrei-me de que quando eu era criança, me juntava com a criançada pra brincar na rua de terra.
Quando a criançada avistava de longe dois vizinhos, corria pra se esconder atrás do muro baixo da nossa casa e, protegidos, gritávamos: “Bigode de arame, bigode de arame!” – pro bigodudo que, ficava danado da vida com o apelido, e bufava, ameaçava a criançada dizendo que se nos pegasse nos daria cascudos, reclamava que os nossos pais não nos davam educação; isso quando não dizia meia dúzia de palavrões.
O outro era um homem mal humorado que sempre usava chapéu. Não tinha jeito: quando ele virava à esquina a turminha corria para atrás do muro e em coro gritava: “Chapéu, chapéu! Olha o seu chapéu.” Era suficiente para deixá-lo muito bravo. Nunca entendemos por quê.
Não, de jeito nenhum eu me irrito com traquinagem infantil; fui especialista.