Da aversão à inteligência

A Willian Bonner e Faustão

Glória Maria achou Dubai e do melhor…

Para compreender esta nação temos que observar o seguinte: pessoas inteligentes são cooptadas para produzir com grande estilo e sofisticação as piores imbecilidades á titulo de ouro aos consumidores. Essa tirania é construída pela franca ausência de literatura na alma empobrecida de uma sociedade maquiada pelos setores da informação social.

O que esperamos de um noticiário que dedica a maior parte do seu tempo ao mundo exterior? Ampliar nossa cultura humanística? O mundo lá fora serve como um pano escuro sobre a realidade em que vivemos. Desconhecemos a própria geografia. Nossas frutas, nossas flores, nossos costumes não passam de tópicos. Temos mais informações sobre Dubai ou Japão do que qualquer região brasileira. Não estamos voltados para nós mesmos. Estamos prontos para a fuga de nossas vidas através do sonho exterior. Desaprendemos a gostar das nossas mais valiosas expressões, estamos sendo danificados pelas interferências de prestígio sem poder de reflexão.

Tudo para nos divertir. Tudo para nos desviar dos temas fundamentais. Temos o lucro exorbitante das mensagens vazias sobre nós. O sentido maior da inteligência está perdido no senso comum nas quais os vendilhões julgam proteger. Estamos naufragando nas mensagens fáceis, na simplicidade devastadora, na vida da fé sem lógica, na ganância sem medidas entre ação e reação. Causa e conseqüência permanece diluída na interpretação instantânea. Deixamos de decifrar a realidade porque este mecanismo perpetuou profissionais especializados para tradução da realidade. Diariamente âncoras e locutores percebem verdadeiras fortunas para repetir o cenário de crime das ruas, do trânsito assassino, dos vícios insolúveis, levados à guerra pela oposição cínica de interesses centrados num único tipo de natureza humana: à perfeição deles.

São informações periódicas que desviam o tema central sempre para imediatamente prover o expectador de algo divertido. Sobram atletas olímpicos, jogadores com seus fiascos milionários, músicos rasos de melodia, entretendo macacos de auditório loucos pelo aplauso primário. Todos estes citados acabam às mais das vezes na mais completa obscuridade virada como página ao vento. Quem liga para o segundo tempo destas vidas após o sucesso? O sucesso... Esse monstro estúpido.

A inteligência não é divertida. É sinônimo de tempo perdido. Aranzel de complicados lances. Xadrez fastidioso. Só pode haver o A e o B. Contexto que serve para produzir exploração e lideres idiotas com seus preconceitos instalados na repetição moral: salvem a família da falência abstrata! As falências concretas deixem para lá. Todos estes conteúdos populares veiculados se resumem nesta frase definitiva: nada inteligente faz sucesso neste país. Se quisermos melhorar esta notícia devemos repetir: nada profundo faz sucesso muito tempo neste solo pátrio. A profundidade foi substituída pela emoção trágica, descontrolada, aliada dessa ingenuidade infantil dramática, tosca.

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Uma novela destrói um ano inteiro letivo em poucas horas...

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"Tenha mais informação para ter opinião" diz a Veja. Sem o Millôr a frase perde muito sentido...

Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 27/05/2012
Reeditado em 28/05/2012
Código do texto: T3691283
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